Boletim CISB nº 19    |  Junho, 2015

ENTREVISTA

Laços mais estreitos

Petter Krus, engenheiro aeronáutico da Linköping University

O entrevistado desta edição é o engenheiro aeronáutico Petter Krus, da Linköping University, o primeiro professor sueco a participar do programa Chair for Swedish Aeronautical Professor in Brazil no âmbito do INNOVAIR. Trata-se de uma plataforma sueca concebida para estreitar os laços entre academia, governo e indústria, do Brasil e da Suécia, para fortalecer o intercâmbio de inovação e de tecnologias avançadas no setor aeronáutico. Em sua primeira estada, como professor visitante, Krus ficou em São José dos Campos (SP), no Instituto Tecnológico Aeronáutico (ITA), entre 19 de maio e 6 de junho. Daqui para frente, ele e outros dois professores suecos deverão se revezar e permanecer no Brasil de dois a seis meses por ano com a missão de aprofundar a cooperação bilateral entre os dois países na área. Nesta entrevista, ele fala sobre alguns dos planos para esta iniciativa.

Como o senhor avaliaria sua experiência como o primeiro professor do programa Chair for Swedish Aeronautical Professor in Brazil?

Ainda que eu realmente não tenha iniciado, sinto-me muito empolgado com a experiência. Eu também já mantive cooperações com universidades no Brasil e, portanto, isto será uma maneira de formalizar o trabalho ainda mais. Percebo também que são inúmeros os benefícios da cooperação.

  Nos últimos anos, o senhor manteve cooperações com diferentes universidades no Brasil. Quais são as principais contribuições das instituições brasileiras (por exemplo, universidades e institutos de pesquisa) para a agenda de pesquisa em aeronáutica?

No geral, o Brasil conta com uma forte tradição em aeronáutica. É provavelmente a área onde o País pode se considerar como detentor de uma competência de primeira linha, especialmente em relação a aeronaves civis. Já no que diz respeito a universidades, o ITA é a instituição mais especializada em aeronáutica. Obviamente, existem também outras partes do DCTA consideradas muito importantes para a agenda de pesquisas, pois representam o braço da força aérea da pesquisa aeronáutica.

Existe também um grupo forte na USP, em São Carlos, além da UFMG com uma longa tradição em aeronáutica. Eu já mantenho uma cooperação de longa data com a UFSC, em Florianópolis, em sistema de acionamento de aeronaves. De forma geral, eu acredito que será necessário formar uma rede de universidades no Brasil para garantir o desenvolvimento de um sistema universitário de primeira linha no campo aeronáutico, pois nenhuma universidade é capaz de fazer tudo sozinha.

Uma de suas atribuições é aumentar a cooperação bilateral destinada a projetos de pesquisa, educação e inovação entre o Brasil e a Suécia. Como o senhor pretende fazer isso? Que tipo de iniciativas o senhor deve apresentar?

Eu estarei, como já estou, envolvido na organização de workshops e conferências para incentivar a formação de uma rede entre os pesquisadores. Além disso, eu também sou a favor do intercâmbio de pesquisadores em ambas as direções. Estarei também envolvido diretamente em cursos e pesquisas nas universidades brasileiras, que também contarão com o envolvimento dos meus colegas. Acredito que a parceria em projetos de pesquisa me permite fornecer orientação e direcionamento de como cooperar de maneira mais efetiva com universidades e os setores da indústria.

O senhor trabalhou no conceito de um avião de combate na Suécia e, conforme informado durante o workshop organizado pelo CISB e ITA, o senhor espera construir um segundo protótipo no ITA. Por que um segundo protótipo é necessário? Quanto tempo será necessário para construí-lo? Quantos profissionais estão envolvidos no projeto? O senhor pretende realizar uma missão de teste de voo no Brasil com o novo modelo?

Os planos ainda não estão finalizados. É muito provável que construamos uma próxima iteração do conceito de avião de combate do futuro no Brasil. A ideia é realizar as missões de teste de voo no Brasil com o modelo. Nós temos dois pesquisadores da LiU que virão para ajudar na construção do protótipo, além de dois professores e alguns universitários do ITA que também participarão do projeto.

Com relação ao primeiro protótipo, a intenção é realizar uma missão de teste de voo na Suécia, um teste em túnel de vento no Brasil e simulação em CFD, que permitirão a obtenção e comparação de dados aéreos diferentes.

Como o senhor já mencionou, a aeronáutica é uma vasta área tecnológica com utilização dupla ou tripla e normalmente reflete seus efeitos em outras áreas. Que áreas exatamente podem se beneficiar desse reflexo? Quanto tempo, em média, é necessário para que a tecnologia na área aeronáutica seja útil em outras áreas?

No meu caso, trabalho na Suécia com aeronáutica e máquinas de construção e hidráulica. As duas áreas enfrentam problemas semelhantes com sistemas de acionamento. Existem também semelhanças no design do sistema geral, desde o conceito até o design arquitetônico. Métodos semelhantes como a simulação em CFD, simulação de sistema e otimização de design podem ser usados. No entanto, a aplicação de aeronaves é a mais complexa e desafiadora e, desta forma, a aplicação deve conduzir o desenvolvimento. O mesmo acontece em outras áreas como, por exemplo, comunicação, sensores, autonomia, materiais etc.

Em sua opinião, qual a importância de plataformas inovadoras como a do CISB em um país como o Brasil?

São facilitadores importantes e uma estrutura de apoio para a cooperação entre o Brasil e a Suécia. Trata-se de uma organização de pequeno porte, mas eficaz, que já possibilitou a concretização do processo de cooperação. Além disso, a organização desempenha outros papéis na promoção de inovações, que também considero de suma importância.

Topo »

Workshop em aeronáutica e defesa aprofundou as discussões sobre 26 projetos em estudo e possibilitou a prospecção de novos

Organizado pelo CISB e pelo ITA, encontro recebeu mais de 30 suecos e
pavimentou o caminho para a execução de uma agenda de cooperação entre os dois países.

A 2ª edição do Workshop Brasil-Suécia em Aeronáutica e Defesa, realizado nos dias 28 e 29 de maio no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos (SP), reuniu mais de 180 participantes entre representantes de empresas, universidades e governo de ambos os países para aprofundar as discussões sobre os 26 projetos em pré-estudo de pesquisa, desenvolvimento e inovação (P,D&I), no âmbito da parceria entre Brasil e Suécia.

Organizado pelo Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (CISB) e pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), o encontrou ratificou a intenção dos dois países de construírem uma agenda de longo prazo em aeronáutica e defesa, além de apontar perspectivas para outras áreas.

O vice-ministro da Defesa da Suécia, Jan Salestrand, esteve presente no Workshop e afirmou que a Suécia está orgulhosa de sua parceria com o Brasil, hoje uma economia emergente, e que seu país está comprometido com a inovação. “Gostaria de enfatizar o desejo de que a parceria vá além do âmbito comercial. O Brasil tem uma tradição na indústria aeronáutica e produzir o Gripen aqui vai reforçar a posição do País no mercado aeronáutico”, afirmou Salestrand. Ele se referia aos caças adquiridos pela Força Aérea Brasileira da empresa sueca Saab AB, em 2014, e cujo contrato de compra prevê a transferência de tecnologia de produção do país escandinavo para o Brasil.

O diretor de Futuros Negócios da Saab AB, Lars Sjostrom, enfatizou que há uma grande confluência entre as oportunidades oferecidas via cooperação entre os países e as possibilidades de seleção de bons projetos. “Ambos os países estão tentando criar uma agenda, e há um grupo de alto nível com a missão de estabelecer áreas e linhas para a cooperação. Isso inclui, entre outras coisas, olhar para as demais áreas que podem se beneficiar das tecnologias desenvolvidas para o setor aeronáutico e ampliar o escopo de plataformas neutras de inovação, como o CISB”, pontuou Sjostorm.

Para Petter Krus, primeiro professor a participar do programa Chair for Swedish Aeronautical Professor in Brazil (iniciativa da plataforma sueca INNOVAIR para fortalecer o intercâmbio de inovação e de tecnologias avançadas em aeronáutica), trata-se de promover a cooperação para a próxima geração. “O que está acontecendo hoje é apenas a ponta do iceberg. A colaboração deverá gerar um spillover grande em outras áreas, tanto lá na Suécia quanto aqui”, reforça.
A assinatura, na abertura do evento, de Memorando de Entendimento com o ITA – pela Chalmers University of Technology e pela Luleå University of Technology – deverá incentivar a concepção de futuros projetos conjuntos e o desenvolvimento dos já iniciados.  

Grupos temáticos

No evento, diversos grupos temáticos foram montados para compartilhar experiências e mapear o suporte necessário para a execução dos 26 projetos em pré-estudo. “Este workshop é resultado do primeiro encontro, realizado em novembro passado, quando surgiram várias ideias de projetos colaborativos”, lembra Alessandra Holmo, Managing Director do CISB.

Na ocasião, o CISB lançou duas chamadas para apoiar missões internacionais com o objetivo de fomentar o desenvolvimento de projetos colaborativos entre Brasil e da Suécia no setor aeronáutico. Foram selecionados 26 projetos, cuja estruturação demandou 42 missões internacionais apoiadas pelas chamadas. “Agora, o próximo passo será finalizar a estruturação dos projetos, e buscar recursos para executá-los.”

Alessandra Holmo ressalta que a construção desta agenda está indo muito além do caça Gripen. “Um dos projetos em estudo irá possibilitar o desenvolvimento de um caça, em subescala, para testar novos conceitos de aviões de combate”, exemplifica. Os projetos deverão ser executados seguindo um modelo de cooperação, baseado no conceito de hélice tripla, que envolve a indústria, a academia e o governo de ambos os países. “A partir de um ambiente neutro, estamos fomentando a colaboração para estabelecer uma agenda de cooperação entre Brasil e Suécia em aeronáutica para depois compartilhar essa experiência com as outras áreas do CISB e expandir a cooperação”, finaliza.

Topo »

Swedish Open Innovation Learning Week: avaliação positiva dos participantes

O “Swedish Open Innovation Learning Week”, programa organizado pelo CISB e realizado em três cidades da Suécia, entre os dias 7 e 12 de junho, teve a participação de doze representantes de empresas, instituições de pesquisa, consultoria e órgãos do governo brasileiro, além de alguns convidados especiais em alguns momentos. O resultado, na avaliação dos participantes, foi muito positivo, pois, além de ampliar a rede de relacionamentos e as possibilidades de parcerias, forneceu uma compreensão ampla do sistema de inovação sueco.

“A semana foi muito proveitosa, tanto em relação às informações obtidas quanto aos contatos e às ideias que surgiram”, afirmou André Alves Macedo, engenheiro de Tecnologia na Akaer, e um dos participantes da missão. “Foram abertos novos caminhos para colaboração em projetos de inovação, com um entendimento mais claro de como estes processos ocorrem no lado sueco”, destacou.

A Akaer, explicou ele, já mantém parcerias com instituições como o ITA, IPT, no Brasil, e Saab e KTH (Royal Institute of Technlogy), na Suécia. E tem um grande interesse em desenvolver projetos conjuntos com a Chalmers University e a Linkoping University. Os contatos feitos durante a semana de inovação, segundo ele, devem ajudar bastante neste sentido.

Modelo avançado

Segundo Alessandra Holmo, Managing Director do CISB, um dos objetivos do “Swedish Open Innovation Learning Week” foi explicar o funcionamento do sistema de inovação sueco e a sua cultura, o que faz da Suécia ser líder em inovação. “Pudemos mostrar as práticas suecas, seus modelos de colaboração, e também trouxemos um pouco dos valores e da cultura da sociedade sueca, especialmente os aspectos que a tornam tão eficiente. Para a Suécia, é importante que potenciais parceiros saibam mais sobre o país e o CISB propiciou essa oportunidade.”

Para Rozangela Curi Pedrosa, diretora do Departamento de Inovação Tecnológica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a ida à Suécia foi muito importante neste sentido. Rozangela estuda os sistemas de inovação aberta de vários países. Ela destacou que o modelo sueco é uma evolução clara do sistema francês, propondo uma relação entre instituições de pesquisa, empresa governo e sociedade com maior grau de integração entre as partes, em todos os níveis – local, regional, nacional e, principalmente, internacional. “Diferentemente do modelo de tríplice hélice operado por países como EUA, Israel, Alemanha e China, o sistema sueco acrescenta claramente a sociedade como o quarto player da inovação”, disse.

O desenvolvimento tecnológico e de inovação, continuou ela, é orientado por uma demanda da sociedade, e não somente por uma demanda do mercado. Rozangela também notou que o sistema de inovação na Suécia dá ênfase à pequena e média empresa de base tecnológica, mas não exclui as grandes empresas e corporações nos processos. “Outra diferença bastante interessante é a concentração numa única agência, a VINNOVA, das políticas de inovação e financiamento de P&D.”

Ela também destacou que a visita ajudou bastante na formação de seu networking. “Podemos reunir informações sobre algumas pesquisas da UFSC que poderiam ser trabalhadas em parceria com as universidades visitadas e eventualmente com a própria SAAB”, disse.

Programação

Para que os participantes tivessem uma visão ampla do sistema de inovação sueco, o CISB montou uma programação extensa. Em Linköping, foram feitas visitas à Linköping University (LiU) e ao Museu da Força Aérea. O grupo também assistiu a palestras sobre a agenda sueca de inovação em aeronáutica, sobre o programa de financiamento para pesquisa e inovação no setor, o modelo de hélice tripla, e as necessidades futuras das Forças Armadas suecas. Os participantes também visitaram a área de produção do Gripen da Saab, onde conheceram mais sobre o projeto do FX-2 e os desafios futuros tecnológicos da empresa.

Em Gotemburgo, eles visitaram o Lindholmen Science Park (LSP), discutiram a Arena de Inovação Aberta com uma pesquisadora da Chalmers University of Technology (CTH), e conferiram a operação de um simulador de gestão de tráfego marítimo. Também assistiram a uma palestra sobre colaboração em transporte e logística e outra sobre dois projetos da Arena de Segurança do LSP. Ainda tiveram oportunidade de assistir uma palestra sobre uma metodologia para acelerar a transferência de tecnologia da Lund University (LU).

Já em Estocolmo, o grupo esteve no Royal Institute of Technology (KTH), onde conheceram os desafios da Universidade. Foram introduzidos à Arena LIGHTer, e ainda estiveram na Swedish Security & Defence Industry Association (SOFF), associação que reúne empresas do setor de defesa. Também assistiram a uma palestra do Swedish Defence Research Agency (FOI), agência de pesquisa das Forças Armadas suecas.

O grupo também esteve na VINNOVA. O embaixador brasileiro, Marcos Pinta Gama, participou da missão no seu último dia. O programa INNOVAIR, que fomenta pesquisa e inovação na área aeronáutica, foi discutido a seguir. A programação terminou com uma mesa-redonda que reuniu os participantes brasileiros.

Próximos passos

Como próximos passos, o CISB vai compartilhar informações sobre os 26 pré-estudos em aeronáutica e defesa que está apoiando para que os participantes da missão verifiquem se há alguma similaridade com suas linhas de pesquisa ou demandas tecnológicas Caso seja identificado um interesse comum, o CISB pretende apoiar e catalisar a parceria. Em razão do sucesso desta missão, o CISB já planeja uma nova missão, em 2016.

Na avaliação do embaixador brasileiro, o CISB, como instituição que congrega atores empresariais e acadêmicos, tem um papel fundamental na realização do potencial de cooperação entre os dois países. “A parceria em pesquisa e inovação entre o Brasil e a Suécia frutificará na medida em que os agentes de ambas as nacionalidades consolidem uma relação de confiança, baseada em experiências bem-sucedidas que levarão a projetos gradualmente mais ambiciosos. Nesse sentido, o CISB pode oferecer um ambiente em que esses atores suecos e brasileiros podem dialogar com cada vez mais intensidade e, consequentemente, atuar com maior proximidade”, destacou.

Veja a lista das empresas e organizações que participaram desta missão: Akaer Engenharia; Aerotron Indústria e Comércio; Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial; Instituto de Fomento e Coordenação Industrial; Centro de Gestão de Estudos Estratégicos; Embraer; Nuclep - Nuclebrás Equipamentos Pesados; Universidade Federal de Santa Catarina e INVENTTA+bgi.  

Topo »

Curitiba testará ônibus híbrido a partir do ano que vem

Projeto baseado no modelo da hélice tripla, com participação de empresas,
universidades e governo, visa desenvolver soluções mais sustentáveis de locomoção.

Um projeto inédito de mobilidade sustentável será testado em Curitiba (PR) nos próximos três anos: trata-se do Smart City Concepts, concebido no âmbito do Termo de Entendimento assinado entre instituições brasileiras e suecas em 2013 para promover o desenvolvimento urbano sustentável em Curitiba. A iniciativa envolve empresas como a Volvo Bus, com sede no município paranaense, a Saab e a Combitech da Suécia, além de universidades dos dois países. O CISB é um dos parceiros do projeto e tem como responsabilidade a disseminação do projeto e dos seus resultados, além de coordenar a implementação do pacote de trabalho sobre responsabilidade do parceiro Saab/Combitech no Brasil.

A iniciativa consiste em desenvolver e testar um ônibus híbrido da Volvo Bus na chamada linha verde, uma antiga BR que corta o município no eixo norte-sul e que foi encampada recentemente pela administração municipal. No total, a linha verde tem 32 km de extensão, atende 23 bairros e 287 mil pessoas, entre os moradores do entorno (85 mil) e aqueles que necessitam trafegar diariamente pelo local. O trecho em que o protótipo vai operar tem 11 km e um fluxo de 3 mil passageiros por hora em momentos de pico. Os primeiros testes com o protótipo devem começar no ano que vem.

Segundo o secretário de Planejamento e Administração de Curitiba, Fábio Scatolin, o projeto abarca um conjunto de mais de 20 intervenções urbanas sob a responsabilidade da Prefeitura de Curitiba. Ao todo, estão previstos investimentos públicos e privados de mais de R$ 4,5 bilhões nos próximos anos em obras e equipamentos nos 32 quilômetros da via.

“Curitiba tem um histórico de planejamento em mobilidade urbana, com os BRTs (Bus Rapid Transit) e as estações tubo. Está na vanguarda nesse sentido, e quer manter essa posição”, complementa Ângelo de Souza, consultor do CISB.

Economia e autonomia

A Volvo Bus já é responsável por diversos ônibus híbridos que circulam em capitais europeias, chamados de híbridos paralelos, que funcionam a maior parte do tempo a diesel, mas em alguns momentos também são movidos a bateria. Esses primeiros modelos geram uma economia de 30% a 35% de diesel, mas têm uma autonomia relativamente baixa. “A recarga, nesses modelos pioneiros, é feita automaticamente no veículo, com a energia gerada pelos freios e pelo próprio motor”, explica Rafael Nieweglowski, gerente do Programa de Mobilidade Urbana da Volvo Bus.
Para rodar em Curitiba, porém, será desenvolvido um novo modelo: maior, articulado e com mais autonomia. “Este protótipo não será carregado apenas internamente. Haverá estações de carregamento, provavelmente duas. Por isso, ele terá autonomia de 10 km operando no modo elétrico e deverá permitir uma economia de diesel da ordem de 50%”, afirma.

Consórcios múltiplos

Para Nieweglowski, porém, o mais importante é a colaboração entre Estado, academia e iniciativa privada, modelo conhecido como hélice tripla – pois, além do KTH, também são parceiras no projeto a Universidade Tecnológica Federal do Paraná, a Universidade Federal do Paraná, a Pontifícia Universidade Católica do Paraná, a Universidade Positivo e, é  claro, a administração do município.

A professora Semida Silveira, pesquisadora e gestora do projeto por parte do KTH, afirma que esse modelo já vem sendo trabalhado na instituição há muito tempo. “Isso é muito importante pois as agendas desses diversos atores se complementam gerando a dinâmica que queremos ver em toda a sociedade. Consórcios múltiplos com diversos atores não são soluções triviais e para que tenham sucesso é preciso compromisso, diálogo, respeito e tolerância – além de muito trabalho de qualidade”, resume.

Segundo ela, o que talvez mais chame a atenção no arranjo institucional proposto, no caso brasileiro, é o papel forte da academia nesses consórcios. “Felizmente, a academia vem se transformando no Brasil e adotando novas formas de interação com a sociedade. Acho que nosso projeto contribui também nesse sentido”, diz a professora.

“Com o protótipo em operação, os parceiros da academia vão realizar estudos para saber se o veículo atende às necessidades da cidade, comparar sua performance com os veículos tradicionais e sugerir modificações caso achem necessárias”, diz Nieweglowski.

“Este projeto é um grande exemplo da operação do modelo da hélice tripla e da colaboração Brasil Suécia e esperamos que seja uma inspiração para outros casos no Brasil por meio da disseminação dos resultados”, conclui Alessandra Holmo, Managing Director do CISB.

Topo »

Akaer, ITA e Luleå University: novos associados do CISB

O Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (CISB) conta com três novos membros: a empresa Akaer Engenharia, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e a Luleå University of Technology, da Suécia – todos com atuação destacada em aeronáutica e defesa. E bem alinhados com o trabalho do CISB em atrair mais parceiros para a realização de projetos colaborativos em pesquisa, desenvolvimento e inovação (P,D&I) nesses setores.

“Estamos catalisando a criação de uma agenda de P,D&I em aeronáutica e defesa e, para tanto, precisamos conectar diversos atores do sistema de inovação brasileiro e sueco nessas áreas”, afirma Alessandra Holmo, Managing Director do CISB. “A entrada desses novos membros vai ao encontro deste desafio”, acrescenta.

Ela destaca que o ITA é uma universidade-chave em aeronáutica e defesa, enquanto a Akaer Engenharia é uma empresa brasileira reconhecida pelo conhecimento e tecnologias que detém nesses setores. “Já a Luleå University é uma instituição sueca com destaque em pesquisa em logística e manutenção de aeronaves”, acrescenta.

Inovação aberta – Com o ingresso do ITA, Akaer e Luleå, o CISB passa a contar com um total de 17 membros. São empresas e instituições com interesse em suas áreas de atuação – aeronáutica, transporte e logística, defesa e segurança, desenvolvimento urbano e energia sustentável – e no seu modelo de operação. “O CISB trabalha como uma arena de inovação aberta, procurando identificar, atrair, desenvolver e apoiar projetos de P,D&I nessas áreas”, conta Alessandra Holmo. “Nossa equipe atua como agente facilitador, catalisador e gestor da rede colaborativa formada por seus membros e parceiros”, acrescenta.

Atualmente, o CISB tem como membros as empresas Akaer, Clavister, SAAB, Scania e Volvo Cars, e os seguintes institutos de pesquisa e universidades: Chalmers University, Franhoufer Chalmers, Halmstad University, ITA, Innventia, Linkoping University, Luleå University of Technology, Lund University, Royal Institute of Technology, SENAI e SP Technical Research Institute of Sweden.

Topo »

CISB abre inscrições para o workshop sobre green corridor

Evento será realizado nos dias 15 e 16 de setembro, na FEI, em São Bernardo do Campo.

Estão abertas as inscrições para o “International Workshop on Green Corridors: European Experience and Brazilian Perspectives”, que será realizado no Centro Universitário da FEI, em São Bernardo do Campo (SP), entre os dias 15 e 16 de setembro deste ano. O workshop é organizado pelo CISB, pelo Centro de Inovação em Logística e Infraestrutura Portuária (CILIP), vinculado ao Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), e pelo Lindholmen Science Park (LSP), da Suécia. O objetivo é aprofundar as discussões para alavancar futuras parcerias em pesquisa, desenvolvimento e inovação entre Brasil e Suécia na área.

É a primeira vez que o grupo promove um encontro específico para discutir o tema “corredores verdes”, assunto ainda emergente no Brasil. A expectativa é atrair cerca de 50 pessoas, entre representantes de institutos de pesquisa, órgãos de governo e empresas do Brasil e da Suécia. “Quando falamos em corredores verdes no Brasil, a associação imediata é aos corredores ecológicos, e não ao sistema intermodal e sustentável para transportes de carga que vem sendo desenvolvido na Europa”, explica Mayara Barbosa, pesquisadora do CISB pelo Programa Inova Talentos (mestre na área de transportes) e que lidera a organização do workshop.

“O CISB vem atuando como uma plataforma neutra para auxiliar na criação de parceria entre os atores do sistema de inovação do Brasil e da Suécia que se dedicam ao tema”, acrescenta. O objetivo é promover o avanço do conhecimento nessa área para futuramente viabilizar a implantação de um sistema de green corridors no Brasil, integrando o transporte ferroviário, marítimo e rodoviário de modo sustentável, no âmbito operacional, econômico e ambiental.

Entre os palestrantes confirmados estão Rui Botter, João Ferreira Neto e Newton Narciso Pereira, pesquisadores do USP-CILIP; Fabio Castello, líder em Logística da Scania Latin America, e Håkan Sjödin, líder em Desenvolvimento de Powertrain da empresa; Leonardo Alexandre, gerente geral corporativo de Engenharia Ferroviária do Instituto Tecnológico Vale (ITV); George Panagakos, pesquisador e professor da Technical University of Denmark (DTU); Delmo Alves de Moura, professor da Universidade Federal do ABC; e Wilson de Castro Hilsdorf, professor da FEI.

A programação foi dividida em grandes três blocos. O primeiro bloco trará discussões sobre o estado da arte em green corridors na Europa, com destaque para o projeto que interligará Suécia e Itália. No segundo será traçado o cenário brasileiro nos diferentes modais. O terceiro tratará do estágio atual das pesquisas envolvendo a implantação de um green corridor no Brasil. No segundo dia, 16 de setembro, serão realizadas visitas técnicas ao Terminal Portuário de Santos, que inclui uma viagem de barco pelo canal do porto, à Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) e ao centro operacional Anchieta-Imigrantes da Ecovias.

A programação e o formulário de inscrição podem ser acessados no site http://www.cisb.org.br/iwgc/.

Topo »

CISB é homenageado pelo CNPq

Trata-se de um reconhecimento à sua contribuição para as
atividades da pesquisa e o desenvolvimento tecnológico brasileiro.

O Centro de Pesquisa e Inovação Sueco Brasileiro (CISB) recebeu no dia 5 de maio uma Menção Especial de Agradecimento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI), durante a cerimônia de entrega do Prêmio Almirante Álvaro Alberto para a Ciência e Tecnologia à pesquisadora Magda Becker Soares. “Trata-se de um reconhecimento da contribuição do CISB para o fomento à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico”, afirmou Alessandra Holmo, Managing Director do CISB.

Ela recebeu o diploma com a homenagem das mãos do ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rabelo; do governador do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão; e do presidente do CNPq, Hernán Chaimovich. “Foi uma honra receber esta homenagem, é uma indicação de que estamos no caminho correto para apoiar o desenvolvimento e aprimoramento do CNPq, instituição chave para a cooperação Brasil-Suécia”, destacou.

Na cerimônia, estiveram presentes diversas autoridades, entre eles o ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro; o futuro presidente da Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MCTI), Carlos Nobre; o diretor-presidente da Embrapii, João Fernando Gomes de Oliveira; o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), Augusto Raupp; a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader; o presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Jacob Palis; o Almirante de Esquadra Eduardo Bacellar Leal Ferreira, entre outros.

O CISB tem um acordo com CNPq desde setembro de 2011 e um termo aditivo com um dos seus membros, a Saab AB. Este termo aditivo tem possibilitado o lançamento de chamadas especificas conjunta (CNPq-CISB-Saab) para concessão de bolsas de estudo a pesquisadores brasileiros no âmbito do Programa Ciências sem Fronteiras. Até o momento, a parceria já viabilizou a ida de 25 pesquisadores brasileiros para a Suécia para desenvolver projetos de pesquisa em universidades de excelência. “Um dos diferenciais das nossas chamadas é a possibilidade de realizar estágios ou participar de projetos dentro da SAAB”, finaliza Alessandra Holmo.

Topo »

CISB lança mais chamadas para apoiar projetos colaborativos em P,D&I

Uma delas, que irá conceder cinco bolsas para estudos avançados em aeronáutica,
ainda está aberta à submissão de propostas

Com o objetivo de fomentar o estabelecimento de projetos colaborativos em pesquisa, desenvolvimento e inovação (P,D&I) entre Brasil e Suécia, o CISB já lançou oito chamadas para apoiar a mobilidade de pesquisadores, seja no âmbito do programa Ciência sem Fronteiras, seja por meio de chamadas próprias. A última delas ainda está aberta à submissão de propostas. Trata-se da chamada “02/2015 Estágio Sênior no Exterior”, voltada para a área de aeronáutica.

Dirigida a pesquisadores e docentes com bom índice de produtividade científica e tecnológica, a chamada tem o objetivo de conceder até cinco bolsas com um mês de duração para o desenvolvimento e/ou execução de projetos de P,D&I  conjuntos, para o incentivo de parcerias e o início/consolidação de uma rede de pesquisa existente. Serão priorizadas propostas nas seguintes áreas: aerodinâmica e aeroacústica; design conceitual de aeronaves; logística e manutenção; materiais compósitos; sistemas embarcados e segurança; sistemas de manufatura; e sistemas de propulsão.

Os autores das propostas selecionadas receberão auxílio financeiro para a viagem e estadia no exterior. O prazo para envio de propostas vai até o dia 14 de agosto. A divulgação dos resultados será feita no dia 2 de outubro, no site do CISB. Veja o regulamento aqui.

Retorno excelente

Segundo Alessandra Holmo, Managing Director do CISB, o retorno de todas as chamadas tem sido excelente, tanto na quantidade de submissões como na qualidade técnica das propostas. Ela cita como exemplo a chamada “01/2015 Suporte para Colaboração Internacional”, cujo prazo para submissão de propostas terminou recentemente. “Recebemos cinco propostas, um bom número considerando o escopo da chamada, que exigia a participação de parceiros da academia e da indústria de ambos os países para a estruturação de projetos de longo prazo”, ressalta. Esta chamada foi focada em três subáreas da aeronáutica: fusão sensorial e processamento de sinais; robótica e diagnóstico; e controle e identificação de sistemas. Seu resultado será divulgado no dia 7 de julho.

Outro exemplo bem-sucedido é o resultado da 4ª chamada para bolsas de projetos CNPq/CISB/SAAB, no âmbito do programa Ciência sem Fronteiras, que registrou um número expressivo de inscritos. “Foram submetidos 162 projetos, o que representou um aumento de 50% em relação à edição anterior que teve 108 inscritos”, destaca.

As chamadas CNPq/CISB/SAAB já possibilitaram até o momento a ida de 25 pesquisadores para a Suécia, todos com propostas de excelente nível técnico. Para Alessandra Holmo esses resultados refletem o interesse dos pesquisadores brasileiro pela aeronáutica. “Afinal, trata-se de uma área estratégica para o CISB, seus membros e parceiros”, finaliza.

Topo »

Scania inaugura laboratório de pesquisa em Sorocaba

Um dos membros do CISB, a Scania, inaugurou recentemente um laboratório em parceria com a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), nas dependências do Parque Tecnológico de Sorocaba (SP). “Para uma empresa pioneira em inovação e tecnologia como a Scania, incentivos a parcerias com instituições de ensino são parte do negócio e da garantia de excelência nas soluções que levamos para nossos clientes”, afirma Per Olov Svedlund, presidente e CEO da Scania Latin America.

O projeto foi concebido para estudar o comportamento do fluxo de ar dentro dos motores a diesel. Ao todo foram investidos R$ 6 milhões – o maior aporte da montadora em atividades de pesquisa e desenvolvimento no Brasil. “Essa investigação poderá contribuir para melhorar o desempenho dos motores, bem como o consumo e, principalmente, a redução de emissão de gases poluentes na atmosfera”, explica Svedlund.

O laboratório conta com equipamentos criados exclusivamente para o projeto. “Vamos abrigar, por exemplo, uma máquina de ensaio de fluxo de ar nos cabeçotes (parte superior do motor), que precisou ser desenvolvida e montada na universidade, bem como alguns sensores, que não existiam no mercado com a especificidade que o projeto exige”, explica o professor Marcelo Massarani, do Centro de Engenharia Automotiva da Poli-USP, responsável pela coordenação da iniciativa. “Essa tecnologia é completamente nova. Criada pelo grupo de especialistas reunidos para esse projeto, ela traz uma série de inovações, como a medição de deslocamentos a laser e a compactação de sensores, além de ser mais eficiente e de baixo custo.”

O laboratório é fruto de um convênio de cooperação tecnológica assinado entre a montadora sueca e a Poli-USP em 2013, e prevê também a realização de um curso de Mestrado Profissional em Engenharia Automotiva. Doze funcionários da empresa já ingressaram no curso. “A iniciativa da Scania é um grande exemplo de sucesso da interação entre indústria e universidade o qual almejamos que seja uma inspiração para outros casos no Brasil.”, conclui Alessandra Holmo, Managing Director do CISB.

Topo »