Continuidade do programa Swedish Endowed Professor Chair no meio digital

Desde 2020, todas as organizações e atividades ao redor do mundo foram impactadas devido à pandemia da Covid-19. O mesmo ocorreu na área da pesquisa, desenvolvimento e inovação (P&D&I) internacional, que para continuar entregando resultados diante de um novo e desafiador cenário, precisou modificar seu modo de operação.

Dentro do contexto da cooperação Suécia-Brasil, o programa de cátedras “Swedish Endowed Professor Chair at ITA in Honor of Peter Wallenberg Sr.”, apoiado pelo Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (CISB) desde seu início em 2015, também teve que se adaptar para dar continuidade às suas atividades e entregas. “O trabalho tem sido desenvolvido de forma mais confinada, sem tantas interações como antes”, conta o Prof. Ragnar Larsson, da Chalmers University of Technology. A saída tem sido usar as diferentes ferramentas de comunicação digital.

Esse foi um grande aprendizado do período, usar de maneira mais produtiva as reuniões virtuais e videoconferências. “No geral, nos tornamos muito mais digitais”, aponta o Prof. Petter Krus, da Linköping University (LiU). O pesquisador acredita que haverá uma melhor combinação entre reuniões virtuais e encontros presenciais. O formato híbrido de se reunir foi difundido e não há mais como voltar atrás. “Estou convencido de que podemos esperar interação e colaboração mais eficientes do que tínhamos antes”, completa.

“Algumas pessoas vão preferir viajar, mas outros vão querer participar de novas maneiras e em níveis diferentes”, pensa o Prof. Tomas Grönstedt, também da Chalmers. Na visão do Professor, esta mudança para o meio virtual pode elevar o nível das pesquisas. “Se você viajava para duas conferências por ano, no futuro poderá ir para apenas uma, mas participará virtualmente de muitas outras”, detalha.

Entretanto, a interação social nunca será deixada de lado, já que é parte fundamental no processo de desenvolvimento da inovação. O contato entre as pessoas sempre foi etapa importante nos 6 anos do programa Swedish Endowed Professor Chair at ITA, pois mesmo com 10 mil quilômetros separando Brasil e Suécia, a criação de novos contatos e o intercâmbio entre alunos e pesquisadores era constante. “Aprendemos que se torna bastante difícil ser criativo e ter novas ideias sem nos encontrarmos pessoalmente e sem atividades sociais, como um churrasco, por exemplo”, explica o Prof. Dan Henningson, do Royal Institute of Technology (KTH).

Por outro lado, Prof. Henningson conta que vários estudantes de graduação estão trabalhando em novos projetos, tanto na Suécia quanto no Brasil. “Eles têm se comunicado ativamente pela internet no último ano. Pode não ser tão bom quanto pessoalmente, mas nós conseguimos iniciar e dar continuidade a pelo menos cinco trabalhos”, entusiasma-se. “Para as relações Brasil-Suécia, o hábito de se comunicar usando meios digitais pode levar a benefícios no longo prazo”, completa o Prof. Grönstedt.

Perspectivas de futuro

Nesse sentido, os cenários são muito positivos à médio e longo prazo. O Prof. Henningson, por exemplo, iniciou uma parceria entre a KTH, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e a Universidade de São Paulo (USP), na área de energia eólica. O projeto foi iniciado e está sendo realizado exclusivamente no meio virtual, já com bons resultados. Mas a ideia é retomar as atividades presenciais quando todos estiverem liberados.

Prof. Petter Krus também está positivo quanto ao que vem pela frente. “Já estamos recebendo dois estudantes de PhD por meio das bolsas de estudo do CISB no meu departamento. E eu planejo ir ao Brasil tão logo seja possível”, diz o professor da LiU. Além disso, a universidade está preparando um projeto em parceria com a Embraer e o ITA, para aplicação na União Europeia.

“Para o CISB também foi um tempo de aprendizado”, pondera Alessandra Holmo, Managing Director da instituição. “Ninguém sabia exatamente quanto tempo esse período ia durar, eram muitas incertezas. Mas é muito gratificante ver que, depois de um momento de mudanças e adaptação, os projetos continuaram e geraram novos frutos”, afirma.

A equipe do CISB manteve-se de prontidão e continuou no papel de facilitador entre os diferentes atores da academia, governo e indústria. “Temos plena confiança de que os projetos que apoiamos avançaram e continuarão em pleno crescimento daqui para frente. Por mais desafiador que tenha sido este período, houve um grande aprendizado quanto ao novo formato de nos relacionar e interagir”, finaliza Alessandra.