Como engajar mais empresas na cadeia de inovação sustentável
No dia 12 de novembro, o CISB organizou o webinar “Como engajar mais empresas na cadeia de inovação sustentável” com a participação de mulheres atuantes no campo da inovação. Foi um debate de alto nível sobre economia circular, modelos de cooperação inovadores e sustentabilidade. Além disso, as palestrantes dividiram suas experiências em grandes instituições: Sustainable Vision, Sabesp e FAPESP.
O webinar foi moderado pela Diretora-Executiva do CISB, Alessandra Holmo, que abriu o painel falando sobre a participação do Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro no desenvolvimento de modelos de cooperação e ações inovadoras. O CISB vem trazendo continuamente oportunidades de colaboração internacional para o Brasil. Em seguida, Alessandra Holmo abordou o tema da transição para a economia circular.
Para Semida Silveira, fundadora da Sustainable Vision e professora do KTH, o desafio da transição é complexo e requer a mobilização de vários atores da sociedade. “É necessário que trabalhemos nas interfaces entre os atores para que a inovação de fato aconteça. Não se trata de uma dualidade, mas de uma cadeia que envolve várias interfaces. A questão é como um ator privado pode mobilizar sua cadeia produtiva e atrair parceiros visando a inovação e o processo de transformação da sociedade.” explicou a professora da instituição sueca KTH.
O primeiro exemplo citado por Semida foi a rede de supermercados LIDL na Suécia, que em 2019 abriu uma chamada de projetos para universidades, ONGS e institutos de pesquisa dentro do tema O Desafio do Plástico. O objetivo era apoiar projetos de sustentabilidade que promovessem soluções para redução no uso de plásticos, desenvolvimento de materiais alternativos e/ou mudança comportamental do consumidor. A chamada teve um alto alcance, resultando em 27 propostas, dos quais cinco projetos foram contemplados com o total de 10 milhões SEK.
Silveira aponta três pontos fundamentais que embasam a mobilização. “Primeiro, já existe uma agenda global para o desenvolvimento sustentável, ou seja, não precisamos mais esperar para definir nossa atuação como instituição. Em segundo lugar, qualquer um pode ser iniciador de uma ação catalisadora que contribua para a economia circular, desde que seja definida a contribuição dentro do contexto em que atua e que motive outros a participar. O exemplo da LIDL que opera no varejo mostra que isso é possível. E em terceiro, a inovação possui diversas facetas e isso inclui as mudanças na forma de interação com a sociedade ou do próprio mercado de atuação, engajando clientes e mobilizando recursos, para juntos trabalharem em prol da agenda.” Concluiu.
Já para Cristina Zuffo, Superintendente de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação na Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, Sabesp, ainda que a área de inovação da empresa seja pequena, se comparada ao tamanho da empresa, os desafios são muitos e vão desde os mais simples, envolvendo tecnologias digitais, até os mais complexos como nanotecnologia, biologia, entre outros. O modelo usado pelo setor da companhia é o de inovação aberta, com diversas parcerias, convênios e atores da cadeia de saneamento, a fim de construir um ecossistema de inovação.
“Adotamos uma régua de inovação para todos os TRLs e focamos no universo das startups. Para isso, desenvolvemos diversos mecanismos para o fomento de startups nesse trabalho conjunto, tal como o convênio com a FAPESP, que prevê o lançamento de uma chamada conjunta visando a submissão de propostas de startups dentro dos mais diversos temas.” confirmou a representante da companhia.
Luciana Hashiba aproveitou para comentar sobre o trabalho da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, FAPESP, em conjunto com a Sabesp que busca instituições ou pessoas com desafios e demandas e procura conectá-las com o ecossistema. “A FAPESP tem o papel de facilitar o desenvolvimento tecnológico, pesquisar onde está o desafio para seguir desenvolvendo o empreendedorismo científico, seja dentro da universidade de forma aberta ou com empreendedores que carregam uma bagagem tecnológica e desejam gerar impacto na sociedade. É esse tipo de modelo que estabelecemos e a Sabesp, sendo uma empresa que se propõe a fazer as coisas de forma diferente, proporcionou essa oportunidade.” comentou a coordenadora de pesquisa para inovação da FAPESP.
Um dos pontos de acordo entre as participantes foi que a inovação nem sempre está diretamente ligada à tecnologia. Muitas vezes há um excesso de soluções tecnológicas disponíveis, mas por diversos motivos elas não alavancam. Os motivos podem estar ligados à adaptação dessas à realidade brasileira seja por motivos sociais ou razões institucionais. “Aqui no Brasil existe uma oferta relativamente grande de recursos para pesquisa e desenvolvimento de inovação, mas esse recurso não é bem aproveitado e faltam também bons projetos. Não digo em questão de qualidade, mas por não se encaixarem nas expectativas da empresa. É preciso que exista um alinhamento entre o que o mercado, comunidade e a academia querem, o que pode ser desafiador.” completou Zuffo.
Alessandra finalizou agradecendo a presença das convidadas que entregaram um webinar com conceitos enriquecedores e aos participantes que colaboraram enviando perguntas.
Para assistir o webinar na íntegra, acesse: https://youtu.be/GxUswH3nrQ8