
Boletim CISB nº 16 | Edição Setembro 2014
ENTREVISTA ESPECIAL
A importância do CISB no Programa CsF
Glaucius Oliva, Presidente do CNPq
Nesta entrevista com o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Glaucius Oliva, fala do papel do CISB no estreitamento da relação Brasil-Suécia, além de fazer um balanço do programa Ciência sem Fronteiras (CsF).
CISB - A parceria com o CISB é centralizada no Ciência Sem Fronteiras?
Glaucius Oliva - Essa parceria foi a primeira etapa que nos ligou ao CISB [Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro]. Quando estávamos no início do Ciência sem Fronteiras, o Centro de Inovação surgiu com uma proposta que tinha o espírito que queríamos: de não simplesmente arrumar uma vaga no exterior, mas fazer a conexão do estudante, do pós-graduando com as empresas. Essas empresas deveriam ter foco, DNA de tecnologia, de inovação, e que tivessem oportunidade ou interesse de trazer esses estudantes de volta para trabalhar no Brasil.
CISB - A parceria foi um diferencial, do ponto de vista da Suécia e do Brasil, no encaminhamento do programa?
Glaucius Oliva - Sim. Não teríamos tido essa inserção na Suécia, de uma forma tão organizada, se não tivéssemos tido a participação do CISB. O fato de eles estarem sediados no Brasil, e poderem ir à Brasília, também facilitou muito, porque em outros casos tínhamos que ir ao exterior para fazer acordos. Mas o CISB também trouxe uma boa contribuição para o CNPq na questão da inovação aberta, open innovation, um conceito que no Brasil não é tão amplamente conhecido.
CISB - Por que não?
Glaucius Oliva - As cabeças brasileiras ainda pensam muito na patente como o principal instrumento da inovação. O conceito de inovação aberta, em que de uma forma muito cooperativa você pode estimular o conhecimento, a troca de informação, é um conceito que nos foi motivado pelo CISB. Então, considero a parceria bem interessante.
CISB - Da primeira para a segunda e terceira chamadas do Ciência sem Fronteiras, o que foi acrescentado de know how?
Glaucius Oliva - Mais empresas fazendo, mais capacidade de permeabilidade da informação sobre a Suécia para os potenciais candidatos. Como temos acordos com os principais países, eu diria que isso virou um mercado competitivo. Quando um estudante brasileiro pensa em estudar no exterior, ele vai para Estados Unidos e Europa, principalmente França, Inglaterra, Alemanha e Itália. Para fazer um doutorado na Suécia, é importante que ele tenha acesso à informação. E o CISB promove essa informação com eventos de divulgação das oportunidades.
Na nossa última chamada, o CISB participou também ativamente do processo de seleção dos candidatos. Nós fizemos toda a pré-seleção, mas a última etapa foi uma entrevista para tentar casar o interesse das vagas que tinham sido pré-identificadas pelo CISB na Suécia com as qualificações e interesses desses estudantes. Foi uma entrevista ‘face-a-face’, coisa que não conseguíamos fazer em Brasília, pela dimensão – cada chamada do CNPq tem algumas dezenas de milhares de candidatos. O contato pessoal se perde. O CISB conseguiu fazer isso, está nos ajudando bastante no processo de seleção de bons candidatos para a Suécia.
CISB - Para a segunda fase do Ciências sem Fronteiras, como o senhor vê o encaminhamento disso?
Glaucius Oliva - O que nos parece extremamente fundamental é que o programa avance e deixe de ser simplesmente um sistema de provimento de bolsas e vagas pelo governo federal. Queremos que ele consiga promover uma efetiva parceria entre as universidades brasileiras e instituições congêneres, universitárias parceiras internacionais.
Gostaríamos ainda que houvesse um aumento na pós-graduação, em relação à graduação. Quanto mais qualificado for o grupo de estudante, melhor. Queremos mais alunos de doutorado sanduíche, doutorado pleno e pós-doutorado nessa segunda fase. Quanto mais sofisticada for nossa relação, mais precisaremos de parceiros que nos ajudem a fazer esse meeting entre o pesquisador brasileiro e o pesquisador no exterior, seja na academia, seja nas empresas.
CISB - Nesse aspecto, pensando mais no pesquisador, e não só em alunos de graduação, mestrado e doutorado, o senhor vê também uma possibilidade do CISB ajudar?
Glaucius Oliva - Sim, acredito que sim. Justamente pelo fato de que eles visitam instituições para fazer divulgação do programa, intermediando muitas vezes a relação de empresas suecas com parcerias universitárias, acadêmicas e de pesquisa no Brasil.
Na área de aviação, por exemplo, o acordo é expressivo do ponto de vista do volume de recursos. Isso envolve transferência de tecnologia, que não é uma simples compra de um bem. Conseguiremos atrair engenheiros suecos para o país, mas o grosso da mão de obra deverá ser composto por engenheiros, cientistas e empresas brasileiros. Se eles puderem fazer treinamentos no exterior, em universidades e empresas suecas, e depois trazer isso para cá, vejo como um nicho.
CISB - E do ponto de vista da vinda de pesquisadores da Suécia para o Brasil, o CNPq tem alguma expectativa?
Glaucius Oliva - A segunda fase do Ciência sem Fronteiras II vai continuar com o programa de jovens talentos e pesquisadores visitantes especiais, as duas modalidades que temos no programa. No Ciência sem Fronteiras I, das 101 mil bolsas, cerca de 1.800 já foram para jovens talentos e visitantes especiais do exterior. Até o final do ano esse número deve chegar a umas 2.500 bolsas. Ou seja, 2,5% das bolsas não foram para mandar gente para fora, mas para trazer jovens talentos e pesquisadores visitantes.
CISB - Como o acordo de cooperação com o CISB pode crescer além do Ciência sem Fronteira?
Glaucius Oliva - O acordo é muito amplo. Ele prevê que possamos promover ações de interesse na promoção da ciência e tecnologia e na interface entre a Suécia e o Brasil. E pode eventualmente se desdobrar em outras ações. Temos hoje acordos de cooperação com grandes empresas, por exemplo, da Noruega. Assinei recentemente um grande acordo com a Statoil da Noruega. Eles vão colocar vários milhões de reais para fazermos chamadas, vão participar dos programas do INCTs, identificando aqueles INCTs que sejam em temáticas do petróleo e gás que queiram participar. Vão cofinanciar esses projetos conosco.
CISB - Existem parcerias similares no Brasil?
Glaucius Oliva - Sim, com empresas como a Vale e a Petrobras. Temos várias ações conjuntas.
CISB - Do exterior, essa empresa da Noruega foi a primeira?
Glaucius Oliva - Não. Já tivemos chamadas com a Glaxo Smith Kline, uma empresa do ramo farmacêutico britânica. A empresa põe dinheiro da pesquisa e eu ponho bolsas do programa Ciência sem Fronteiras. Você combina instrumentos da agência com instrumentos da empresa. Então, acredito que conforme as empresas forem identificando aquilo que é interessante, que é útil, teremos parcerias não só com universidades, mas com empresas mesmo. Tenho hoje, por exemplo, edital high que é um edital para empresas. O que elas pedem? Bolsas e recursos humanos para poder ter gente trabalhando em projetos de P&D na empresa. Esse acordo de cooperação já prevê a possibilidade de expandir as ações em parceria do CISB com o CNPq.
CISB - O senhor poderia detalhar um pouco como funciona a dinâmica na parceria com a GSK, da Noruega, por favor.
Glaucius Oliva - A Glaxo definiu quais eram as principais áreas do desenvolvimento farmacêutico que lhes interessava. Com isso, fizemos uma chamada para pesquisadores de universidades brasileiras interessados em trabalhar em projetos nessa área. Uma equipe da Glaxo veio então para o Brasil para nos ajudar a avaliar os projetos e escolher quais seriam tocados com tutoria deles. O projeto era de um grupo de pesquisa no Brasil, mas recebia recursos da Glaxo e bolsas do CNPq. A Glaxo investiu cerca de 1 milhão de libras em financiamento de projetos. Inovação farmacêutica é uma área ainda nova para o Brasil, então foi bem legal.
CISB - Recursos como os da Glaxo chegam ao ICT e à universidade brasileira com que destinação?
Glaucius Oliva - Tem vários caminhos. O dinheiro pode ir direto para o ICT, por meio de uma fundação de apoio, mas também pode vir direto para o CNPq, que contrata na forma de um projeto de pesquisa, um pesquisador. Nós abrimos um crédito orçamentário, que precisa ser aprovado no Congresso, e ele então está apto a receber. É uma conta diferenciada. Eu posso depois contratar um projeto, como contrato na Chamada Universal, do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia. Aí tem custeio, tem capital, tem bolsa. Vai direto para o pesquisador, o projeto fica sob a responsabilidade dele. É um mecanismo bem interessante.
CISB - Qual o balanço que o senhor faz hoje do Ciência sem Fronteiras? E claro, dessa perspectiva original dele de ajudar a internacionalizar a ciência brasileira, a atuação do estudante, do pesquisador brasileiro.
Glaucius Oliva - O Ciência sem Fronteiras revolucionou a internacionalização das ciências e das universidades brasileiras. Nós vínhamos de um período em que a internacionalização era espontânea, e exclusivamente da vontade do pesquisador. Passamos a sinalizar uma direção absolutamente diferente.
O Brasil era praticamente desconhecido do mundo do ponto de vista científico. Agora, não passamos uma semana sem ter delegações no país, entrando em universidades e vendo a infraestrutura, pedindo parcerias. Nossos alunos estão fazendo sucesso lá fora. A razão disso é, primeiramente, uma alta seleção. Temos de 2% a 3% dos 7 milhões de alunos de graduação por ano no exterior. Outra diferença que temos é a iniciação científica, que é diferente de outros países. Aqui, um aluno de graduação muito precocemente entra para um laboratório de pesquisa. Quando termina a graduação, ele já aprendeu a pipetar, a lidar com equipamentos, a fazer uma análise estatística ou um gráfico. Às vezes, já tem até uma publicação.
O sucesso dos alunos é muito grande, e isso deu uma exposição única à ciência brasileira no exterior. Hoje somos respeitadíssimos. A cara da ciência brasileira mudou muito, no sentido dela se abrir para o mundo inteiro mesmo. Então a minha avaliação é extraordinária. Com todas as dificuldades que isso representa do ponto de vista orçamentário. Foi um investimento grande, um programa para 100 mil alunos.
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SENAI Departamento Nacional é o mais novo membro do CISB
Instituição criada para apoiar a competitividade da indústria brasileira busca inspiração na Suécia para aprimorar seus instrumentos de inovação.
André Acetose, Unidade de Inovação e Tecnologia do SENAI
Em 2012, representantes do SENAI Departamento Nacional foram até a Suécia para conhecer os principais agentes do ecossistema de inovação daquele país. Eles queriam conhecer de perto como o país nórdico, considerado um dos mais inovadores do mundo, promove sua cadeia inovadora. “Chamou nossa atenção o funcionamento do ecossistema de inovação e os resultados alcançados pela atuação colaborativa dos atores desse ecossistema.”, conta André Acetose, da Unidade de Inovação e Tecnologia da instituição.
Passados cerca de dois anos, o SENAI Departamento Nacional acaba de se tornar membro do CISB (Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro) e dá um passo decisivo para aprimorar seus instrumentos de inovação e trabalhar colaborativamente com parceiros suecos. “O atual momento do SENAI, de consolidação e maturação das ações de inovação, propiciou nossa aproximação institucional”, conta Acetose.
Buscar mecanismos para inovar, sempre e cada vez mais, é um mote enraizado nas estruturas do SENAI. Criada em 1942 para promover a inovação na indústria brasileira, a instituição é reconhecida nacionalmente pelo seu modelo de educação profissional e pela qualidade de seus serviços tecnológicos.
Desde sua criação já foram formados mais de 55 milhões de profissionais. Atualmente, as 809 unidades operacionais móveis e fixas espalhadas pelo país recebem cerca de 2,5 milhões de matrículas em cerca de 3 mil cursos que preparam trabalhadores para 28 setores industriais.
O SENAI mantém atualmente uma rede certificada de 208 laboratórios que prestam serviços técnicos e tecnológicos às empresas em todo o país. Em 2011, essa rede trabalhou para mais de 18 mil empresas - foram 139.149 serviços para apoiar a inovação e o desenvolvimento tecnológico da indústria.
Parceria - De acordo com Acetose, a associação ao Centro de Inovação irá contribuir para a realização de projetos colaborativos entre os Insitutos SENAI e suas institutições congêneres na Suécia. “O CISB é um agente articulador privilegiado dessa rede e consegue envolver as três áreas interessadas: indústria, academia e governo”, diz.
O sistema de inovação da Suécia é colaborativo e desburocratizado, focado na resolução de desafios da sociedade, envolvendo equipes multidisciplinares. “No Brasil esse processo ainda é muito compartimentado e há dificuldade em se provar à sociedade que a inovação faz diferença na vida dela”, diz Acetose.
A escolha pela expertise sueca, conta Acetose, acabou acontecendo de maneira natural, já que o país é referência mundial em inovação. “Eles chegam a respostas inovadoras com o lançamento de um desafio da sociedade, que é resolvido de maneira transversal”, conta.
Para Fellipe Sabat, coordenador de Portfólio de Projetos e Parcerias do CISB, “o potencial desta parceria é animador visto que existe atualmente um interesse forte dos institutos e empresas de tecnologia Suecas pelo mercado brasileiro casando com a estratégia do SENAI em internacionalizar seus institutos de forma a torná-los mais competitivos.”
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A inovação tecnológica no Brasil
Petter Krus (Linkoping University), Luciana Pereira (UFABC), Victor Juliano De Negri (UFSC) e Alessandra Holmo (CISB)
Na década de 1930, quando o Brasil começou de fato seu processo de industrialização, o Grande ABC ocupou um lugar de destaque. À região chegavam as grandes indústrias automobilísticas. Mas as unidades nacionais eram apenas montadoras - ao Brasil, sobrava basicamente o trabalho braçal de montar peças. “O desenvolvimento do projeto, momento em que a inovação está mais presente, já vinha pronto. Não se discutia inovação por aqui”, conta Luciana Pereira, professora da Universidade Federal do ABC (UFBAC), uma das organizadoras do ‘2nd Workshop on Innovative Engineering for Fluid Power’, que ocorre dias 2 e 3 de setembro.
A história da indústria automobilística brasileira é bastante similar às demais indústrias do país. Por aqui, são poucas as empresas que mantêm departamentos de desenvolvimento de produto - essas áreas estão, em sua maioria, nas matrizes que ficam no exterior. “Isso pode ser sentido na balança comercial. Importamos mais bens de capital do que exportamos, ou seja, não criamos produtos novos por aqui”, diz Victor Juliano De Negri, coordenador do Laboratório de Hidráulica e Pneumática do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e um dos organizadores do Workshop.
Departamentos destinados a pensar o desenvolvimento e a inovação ainda são áreas novas para a indústria nacional. Com o incentivo do governo e de instituições como o CISB, as parcerias entre os três pilares - universidades, empresas e governo - estão em fase inicial. “Essa parceria é fundamental, porque o processo para a inovação começa dentro das universidades, com pesquisa. Hoje, o que ela faz ainda fica muito restrito à teoria, aos artigos publicados”, comenta Luciana.
Nos últimos anos, essa realidade vem mudando no país e há mais parcerias entre universidades e indústria. “O governo brasileiro está fazendo ações para estimular e criar mecanismos que permitam que a inovação aconteça”, diz o professor De Negri. Ele salienta, no entanto, que cabe à universidade o papel da pesquisa e às empresas, a inovação. “Por inovação entendemos a capacidade de uma empresa colocar uma ideia nova dentro do mercado. A universidade faz pesquisa, não a relação com o mercado”, diz.
Mas ainda há dificuldades estruturais a serem vencidas para que as parcerias possam acontecer de maneira mais espontânea. “Os entraves jurídicos são a maior dificuldade encontrada hoje para a colaboração entre universidade e empresa. O sistema jurídico é muito burocrático e lento, e para estar à frente você precisa ser rápido”, diz Luciana.
O ‘2nd Workshop on Innovative Engineering for Fluid Power’, organizado pelo CISB, UFSC, Linkoping University, UFABC e ABIMAQ (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), tem como principal objetivo justamente discutir esses entraves e estimular a pesquisa e o desenvolvimento nas áreas de pneumática e hidráulica, aplicadas ao setor aeronáutico, de veículos e de energia. “Vamos discutir a inovação e levantar temas técnicos do processo e também os de gestão”, diz Luciana.
"A realização deste workshop é um bom exemplo de como o CISB estimula a inovação tecnológica, promove o intercâmbio de tecnologia com a Suécia e facilita a interação com os seus membros e parceiros", afirma Alessandra Holmo, Managing Director do CISB.
Suécia, país modelo - Principal parceira do CISB, a Suécia é hoje uma referência mundial em inovação. No país nórdico, a relação entre universidade e empresas é mais forte. Algumas agências do governo, por exemplo, possuem programas que aceitam apenas projetos submetidos conjuntamente pelas duas partes. “É uma maneira de garantir que esse projeto será relevante. Isso ocorre especialmente nas áreas de aeronáutica e de automobilística”, conta o professor Petter Krus, da Universidade de Linköping, associada ao CISB e também organizadora do workshop.
A parceria firmada entre universidade e indústria pode acontecer de diversas maneiras. As teses de mestrado, por exemplo, frequentemente são realizadas dentro de uma empresa, com supervisão tanto da própria quanto de uma universidade. Há ainda o caso de alguns projetos de pós-doutorado, que são feitos dentro das universidades. Alguns precisam de tamanho financiamento que só se tornam viáveis com o aporte externo. Assim, o mercado acaba tendo uma influência na escolha do que vai ser pesquisado dentro da academia. Segundo Krus, essa dependência acaba fornecendo mecanismos eficientes para direcionar o conhecimento para diferentes áreas.
“Para começar uma colaboração é aconselhável que se faça isso em pequena escala, com diálogo para alinhar as expectativas e evitar riscos e frustrações. Assim, gradualmente você vai aumentando essa colaboração, conforme a confiança vai crescendo dos dois lados.”, diz Krus.
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“Ir para a Suécia foi uma virada intelectual no meu trabalho”, diz pesquisadora
Bolsista de pós-graduação no programa CNPq-CISB-Saab, Patrícia Nascimento é especialista em criação e comunicação de conhecimento tácito e irá atuar como pesquisadora no CISB.
Patrícia Cristina e sua mentora Prof. Maria Hammarén (KTH)
Compreender como um conhecimento construído pela prática profissional dentro de organizações inovadoras é comunicado e [re]criado por outros profissionais. Foi atrás de respostas nessa área que a pesquisadora Patrícia Cristina do Nascimento Souto embarcou para a Suécia em setembro de 2013. Bolsista da segunda chamada do projeto CNPq-CISB-Saab, ela fez seu pós-doutorado no Royal Institute of Technology (KTH), universidade de renome no país nórdico. “Ir para a Suécia foi como uma virada intelectual no meu trabalho. Minha pesquisa ganhou novas e diferentes perspectivas, ampliei e aprofundei o entendimento do tema e do método usado lá e que poderá ser adaptado à realidade do Brasil”, conta.
A pesquisa de Patrícia é importantíssima. Com ela, organizações brasileiras terão mais subsídios para se beneficiar melhor do processo de criação de conhecimento. “Todos os insights de pesquisa servem como uma plataforma intelectual que pode informar, conduzir ou inspirar o design de práticas facilitadoras da criação e da comunicação de conhecimento tácito [aquele que é construído pela experiência prática dentro de um determinado contexto]”, diz. Segundo ela, é possível usufruir melhor do momento de interação entre os profissionais quando o objetivo do encontro é o de criar conhecimento. Assim, as contribuições dessa criação para a inovação se tornariam mais ricas e diferenciadas.
Nos seis meses em que esteve na Suécia, Patrícia pode conversar e criar uma rede de contatos com acadêmicos importantes e de vanguarda, com profissionais inovadores que utilizaram o método que foi seu objeto de estudo e com gestores que pertencem ao alto escalão da empresa-alvo da pesquisa. “A forma como as organizações Suecas e Nórdicas consideram e incorporam questões relacionadas à criação e comunicação de conhecimento tácito na sua gestão é muito avançada em relação ao Brasil”, conta.
Lá, ela se aprofundou em um método de criação e comunicação de conhecimento tácito que possui robusta fundamentação filosófica e metodológica, complementar à abordagem que ela já pesquisava e utilizava, e que foi desenvolvido por sua mentora - uma expert na área. “Queria entender esse método a fundo, porque o integrando à pesquisa que eu já realizei e venho desenvolvendo nessa área, contribuiria de alguma forma para as organizações brasileiras”, comenta. Segundo Patrícia, isso só foi possível com a bolsa na Suécia. “Foi uma fase de ‘reconstruir’ e ‘desconstruir’ contínuos e conjuntos possibilitados apenas quando se está num contexto de discussão avançado.”
No país nórdico, Patrícia participou de diversas atividades e conversas com acadêmicos brilhantes e também com gestores inovadores. Segundo ela, aprender como uma cultura organizacional tão diferente da brasileira cria e comunica o conhecimento tácito de seus experts foi uma oportunidade transformadora. Além do aprendizado único, ela pode ainda firmar uma rede de relações acadêmicas importantes para a evolução da sua pesquisa.
Retorno - No Brasil, Patrícia irá fazer um trabalho de cooperação com o CISB, para apoio, aconselhamento e pesquisa sobre criação e comunicação de conhecimento tácito. “Acredito que posso construir com o CISB maneiras interessantes de enriquecer o trabalho envolvido em diversas instâncias e contextos de sua atuação”, comenta.
Ao lado do CISB, a pesquisadora também irá desenvolver um projeto de pesquisa no Brasil similar ao realizado na Suécia - a pesquisa de outro método usado também em país nórdico, que será intersectado com outras pesquisas e abordagens dela, e então adaptados e usados no CISB. A ideia é que o know-how da pesquisadora possa enriquecer e potencializar as práticas de criação e de comunicação de conhecimento tácito, reconhecidamente necessárias aos trabalhos do Centro de Inovação
Após seu retorno, Patrícia foi convidada ainda para atuar como pesquisadora de criação e de comunicação de conhecimento tácito na arena do CISB. Sua missão será acompanhar e orientar nessa área os projetos da organização. “Acredito que minha experiência na Suécia possibilitou avançar todas essas parcerias. Não fosse a visão inovadora e avançada do CISB, não seria possível construir esses trabalhos em conjunto dentro de um tema tão complexo como o meu”, diz.
Para a Managing Director do CISB, Alessandra Holmo, a colaboração da pesquisadora deverá ser valiosa. “Desde o primeiro contato com o projeto aplicado, já identifiquei potencial de colaboração com o CISB e durante a entrevista pude confirmar a sinergia entre a área de pesquisa e o foco de atuação do CISB. Agora, após o seu retorno para o Brasil, temos a oportunidade de contar com a colaboração da Patrícia dentro do desenvolvimento das Arenas do CISB”, conclui.
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CISB ganha bolsa no programa Inova Talentos
Projeto submetido pelo Centro foi aprovado; aluno de mestrado irá atuar na Arena de Transporte & Logística
O CISB obteve pela primeira vez uma bolsa de estudos do programa Inova Talentos, uma parceria entre IEL (Instituto Euvaldo Lodi), entidade vinculada à Confederação Nacional da Indústria, e o CNPq. O projeto apresentado pelo Centro foi contemplado na modalidade ‘Fixação e Capacitação de Recursos Humanos - Fundos Setoriais’ e será desenvolvido por um mestre ou um engenheiro dentro da Arena de Transporte & Logística.
Com início previsto até dezembro, o programa tem duração de 12 meses e prevê 126 horas de capacitação, presenciais e a distância. Todos os bolsistas serão orientados por executivos indicados pelas empresas participantes e pelo IEL. O objetivo é desenvolver competências gerenciais, comportamentais e técnicas para a realidade empresarial. Os bolsistas aplicarão esse conhecimento no dia-a-dia da empresa.
“É uma grande oportunidade de desenvolvimento para esse profissional, estando em um ambiente de colaboração internacional e diversidade de atores. Além disso, a capacitacão de um potencial colaborador para o próprio CISB", diz Rosário Castro, programme manager do Lindholmen Science Park.
No final do programa, bolsistas e tutores que tiverem os melhores desempenhos serão reconhecidos e premiados com visitas técnicas aos melhores centros de desenvolvimento tecnológico e de inovação no exterior.
O programa Inova Talentos é resultado de uma parceria entre o IEL e o CNPq. Seu objetivo é aumentar o número de profissionais qualificados para atividades de inovação no Brasil. Para isso, estimula a criação de novos projetos de inovação dentro de empresas e de institutos privados de pesquisa e desenvolvimento.
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Encontro Anual do CISB acontece em novembro
A quarta edição do Encontro trará resultados dos projetos do último ano e terá espaço para debates
A 4ª edição do Encontro Anual do CISB (Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro) acontece dia 11 de novembro no Hotel Blue Tree Faria Lima, em São Paulo, das 13h às 18h. O evento, que este ano traz o tema “Swedish-Brazilian Cooperation: Innovation for a Sustainable Future”, irá oferecer um ambiente propício para o debate de temas relevantes à inovação no Brasil.
“Será um momento importante para o CISB, seus membros e parceiros. Haverá apresentação de resultados do último ano e dos próximos desafios, um ambiente para diálogo propício para gerar novas iniciativas e projetos. A atração de novos membros para o Centro também é um dos objetivos”, diz Alessandra Holmo, managing director do CISB.
O encontro também será uma oportunidade para a divulgação de projetos colaborativos desenvolvidos pelo CISB e seus membros - são esperados representantes de universidades, de empresas e do governo dos dois países.
Está previsto ainda a realização de alguns workshops ao longo da semana. As temáticas serão voltadas para as áreas foco de Defesa & Segurança e Transporte & Logística. Durante esses workshops será possível ter uma visão de futuro, apresentar tecnologias das áreas e proporcionar um ambiente para novas iniciativas e parcerias entre Brasil e Suécia.
O secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Álvaro Prata, já aceitou o convite para participar do encontro. Ele deve falar no painel “Swedish-Brazilian Cooperation - Innovation for a Sustainable Future” (Cooperação Suécia-Brasil - Inovação para um Futuro Sustentável), agendado para às 14h20.
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Treinamento em Gestão em Inovação e Tecnologia
Na segunda edição, curso é voltado para capacitação
de profissionais do futuro do IME de Guaratiba, no Rio de Janeiro.
A segunda edição do Treinamento em Gerência de Inovação e Tecnologia, promovido pelo CISB, em parceria com a Universidade Linkoping, as Forças Armadas e empresas da Suécia, teve início no dia 12 de agosto, no Rio de Janeiro. O curso, que inclui atividades como aulas, workshops, estudos de caso e visitas a empresas e parques tecnológicos, terá seis semanas de duração, das quais duas serão realizadas no Brasil e quatro na Suécia.
O curso é dirigido a engenheiros e técnicos do Exército e da Força Aérea Brasileira e tem enfoque em gestão de tecnologia e inovação. “O treinamento é orientado para o setor de defesa, com o objetivo de colaborar com a implantação do Polo de Ciência e Tecnologia do Exército em Guaratiba, no Rio de Janeiro”, diz o coronel Paulo Roberto Costa, um dos coordenadores do projeto por parte do Exército Brasileiro.
Segundo o coronel Costa, o novo prédio do Instituto Militar de Engenharia (IME), em Guaratiba, irá reunir as organizações de pesquisa, ensino, desenvolvimento e inovação do Exército em um único condomínio. Para isso, contará com um novo projeto pedagógico e novos laboratórios. Além disso, sua capacidade será ampliada de 100 para 300 vagas de graduação em engenharia.
Os engenheiros que já estão participando do Treinamento receberão capacitação para gerir esse novo conceito que o Exército está trabalhando. Isso porque o curso foi formatado especialmente para treinar essa equipe que irá para Guaratiba. “A primeira edição do Treinamento formou os engenheiros que iniciaram os projetos da Agência de Gestão da Inovação e o Centro de Desenvolvimento Industrial”, diz o coronel. Essas duas unidades integram o novo prédio em Guaratiba.
“Devido ao sucesso da primeira turma, o CISB e o DCT estabeleceram um Programa de Treinamento em Inovação e Tecnologia 2014-2016. Esta 2ª turma já é resultado deste programa, bem como está em fase de planejamento cursos em áreas específicas tecnológicas”, diz Alessandra Holmo, managing director do CISB.
Currículo - O Treinamento em Gerência de Inovação e Tecnologia é embasado no conceito da hélice tripla na formação dos engenheiros. Ou seja, há a participação ativa das três áreas fundamentais para a inovação: a indústria, aqui representada pela empresa sueca Saab, o governo (Forças Armadas Suecas) e a universidade - no caso, a Universidade de Linköping, também da Suécia.
“O curso foi feito sob medida, ele atende as necessidades de formação de engenheiros com habilidades para a gestão da tecnologia e de inovação para as Forças Armadas Brasileiras”, diz o coronel Costa.
Atualmente, estão inscritos 14 profissionais, entre oficiais engenheiros militares e oficiais do segmento operacional do Exército e também um representante do Instituto de Fomento Industrial da Força Aérea Brasileira. Na primeira edição, foram nove alunos inscritos.
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Recorde de inscrições para a 3ª chamada de projetos CNPq-CISB-Saab
A 3ª chamada de projetos CNPq-CISB-Saab, dentro do âmbito do Programa Ciência sem Fronteiras, contemplou seis pesquisadores com bolsas de estudo para doutorado sanduíche e ou pós-doutorado em universidades renomadas da Suécia. A chamada se encerrou em maio deste ano e atingiu número recorde de inscritos. Foram 108 propostas de projetos aplicados na plataforma Carlos Chagas do CNPq, um aumento de 350% em relação à segunda chamada.
Provenientes das universidades federais do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, além da Universidade de Brasília, do Centro Universitário FEI e do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), os pesquisadores darão inicio aos seus projetos a partir de setembro, com duração de 6 a 12 meses.
“A cada chamada que se encerra fortifica ainda mais a parceira entre o CNPq, CISB e Saab. Também estamos colhendo os frutos desta parceria de sucesso, pois alguns dos alunos da 1a e 2a chamada, que já retornaram ao país, estão com perspectivas de se tornarem importantes pesquisadores chave de projetos colaborativos em discussão no momento”, diz Alessandra Holmo, Managing director do CISB.
A 4ª chamada já está em fase de planejamento e será aberta até o final de 2014.
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