Boletim CISB nº 25 - Dezembro de 2016
Exército Brasileiro pretende ampliar parceria com a Suécia
General Juarez Aparecido de Paula Cunha, chefe do DCT

Esse esforço conjunto, com a participação de representantes da indústria de defesa sueca, da Universidade de Linköping e das Forças Armadas Suecas, permitiu o desenvolvimento de um curso em Gestão da Inovação Tecnológica, já na terceira edição, realizado e concluído por 31 oficiais e engenheiros civis do EB e um engenheiro da Força Aérea Brasileira (FAB). No momento, está em desenvolvimento um curso em Prospecção de Tecnologia e Planejamento de Cenários Futuros.

Nesta entrevista, o General Juarez Aparecido de Paula Cunha, chefe do DCT, fala um pouco sobre as iniciativas conjuntas com o CISB e as instituições suecas, a integração do Polo de Ciência e Tecnologia do Exército com a indústria brasileira e também sobre as expectativas em relação à recente inauguração do Sistema Defesa, Indústria e Academia (SisDIA).

Como o senhor avalia o papel da inovação no Processo de Transformação do Exército e por que o Exército procurou este caminho?

O Processo de Transformação do Exército Brasileiro é fruto de um intenso e sistemático estudo que foi orientado pelos diplomas legais vigentes, baseando-se na missão constitucional do Exército e na evolução dos cenários que o País viverá em um futuro próximo. Tem como objetivo principal dotar a Força Terrestre das capacidades necessárias para enfrentar os desafios que se apresentarão no século XXI.

O caminho para a Transformação do Exército Brasileiro passa pelo desenvolvimento dos projetos estratégicos. São eles que proverão as capacidades requeridas pela Força Terrestre, além de impactar o desenvolvimento nacional, com geração de emprego e renda, o fortalecimento da base industrial de defesa do Brasil e a absorção de tecnologias sensíveis. Nesse contexto, o vetor da ciência e tecnologia exerce um protagonismo fundamental no Processo de Transformação do Exército Brasileiro, que buscará as soluções nacionais, com inovação tecnológica, para responder aos desafios que se apresentam ao Exército Brasileiro.

O Exército tem um modelo de P,D&I a ser adotado? Se sim, por que fez essa escolha?

A Estratégia Nacional de Defesa prevê ações de médio e longo prazo, com o objetivo de modernizar a estrutura nacional de defesa, atuando em três eixos estruturantes: reorganização das Forças Armadas, reestruturação da indústria brasileira de material de defesa, e política de composição dos efetivos das Forças Armadas.

A reestruturação da indústria brasileira de material de defesa tem como propósito assegurar que o atendimento das necessidades de equipamento das Forças Armadas apoie-se em tecnologias sob domínio nacional. Em razão disso, o Exército Brasileiro optou por um modelo de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P,D&I) que busca o desenvolvimento de Produtos de Defesa (PRODE) que atendam as capacidades requeridas pela Força Terrestre, visando o fortalecimento da base industrial de defesa do País e com forte conteúdo nacional.

Como o senhor enxerga a integração do PCTEG (Polo de Ciência e Tecnologia do Exército em Guaratiba) com a indústria brasileira e com outros países?

A existência de um polo de ciência e tecnologia integrado à indústria de defesa brasileira é fundamental para que os projetos estratégicos do Exército possam produzir PRODE inovadores e com forte conteúdo nacional, contribuindo para que a Força Terrestre tenha as capacidades requeridas para responder aos desafios do século XXI.  A integração desse polo com outros países será importante para que haja a troca de experiências com nossos pesquisadores, bem como a devida transferência de tecnologia necessária para a consecução de projetos de P,D&I realizados em forma de parcerias.

A Suécia é um dos países mais inovadores do mundo, sendo que um dos motivos é o modelo adotado da hélice tripla (governo-academia-indústria). Como o senhor acha que esse modelo pode contribuir com o sistema de inovação brasileiro e com o Exército?

O modelo tríplice hélice adotado com grande sucesso pela Suécia, Coréia do Sul e EUA nos motiva a buscar soluções que atendam nossa demanda, fortaleçam nossa base industrial e contribuam, também, para a rápida saída do País da atual crise econômica. O Brasil possui alguns exemplos de projetos nos quais o modelo foi adotado e com resultados expressivos, como por exemplo: o desenvolvimento do projeto ASTROS 2020, no Exército Brasileiro, e do KC 390, na Força Aérea Brasileira.
Acredito que a sistematização do modelo da tríplice hélice no Exército Brasileiro possibilitará o incremento nos projetos de P,D&I em curso, tornando mais eficiente o emprego dos recursos humanos, materiais e financeiros, além de possibilitar o fortalecimento da indústria, bem como o desenvolvimento da pesquisa aplicada nas nossas universidades, voltada para produtos de interesse para a indústria de defesa.

O Memorando de Entendimento entre o DCT e o CISB, firmado em 2013, gerou bons frutos como cursos de mestrado e doutorado, pesquisa de pós-doutorado, Workshops e Seminários. Como o senhor avalia os resultados dessa colaboração?

O Processo de Transformação do Exército Brasileiro provocou, em razão da importância do vetor ciência e tecnologia, uma reestruturação do seu sistema de ciência, tecnologia e inovação. Portanto, era imprescindível a existência de pessoal capacitado para alavancar os esforços necessários. Nesse diapasão, o Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT) estabeleceu, em 2013, um instrumento de parceria com o CISB para capacitação de pessoal, o que permitiria desenvolver as competências imperiosas ao cumprimento da missão. Esse memorando de entendimento possibilitou ao Exército Brasileiro capacitar cerca de 30 oficiais em gestão da inovação, formando uma massa crítica de alto nível e que estão contribuindo para a gestão da inovação na Força Terrestre.

Como o CISB pode continuar contribuindo com o esforço do Exército brasileiro na área de ciência, tecnologia e inovação? 

O CISB tem uma significativa rede de contatos com a academia, a indústria e órgãos de governo, tanto no Brasil como na Suécia. Esta condição indica que o Centro possui um enorme potencial para colaborar com o Exército Brasileiro, particularmente com o DCT, na busca de soluções para os desafios que se apresentem no setor da ciência e tecnologia. O Exército Brasileiro espera que o CISB possa continuar contribuindo com o nosso esforço na busca de soluções tecnológicas, seja pela troca de experiências, seja pela capacitação de recursos humanos no Brasil, ampliando essa capacitação para a indústria e para as universidades brasileiras. Pretendemos estender a parceria para outras áreas de interesse no âmbito da C,T&I.

O senhor consegue vislumbrar o desenvolvimento conjunto de sistemas entre Brasil e Suécia e que atendam os dois mercados? Em sua opinião, o que é necessário para viabilizar o desenvolvimento conjunto de sistemas do Brasil e da Suécia para atender os dois mercados e o mercado global?

No caso do Exército Brasileiro, temos uma longa tradição de parcerias com empresas de outros países. No começo do século XX, o Brasil adquiriu a licença de fabricação do Fuzil alemão Mauser 1908 que, ao longo do tempo, sofreu algumas alterações, sendo que algumas delas foram adotadas, também, pelo fabricante original.

Na década de 40, iniciou a fabricação, também em escala substancial, do canhão antiaéreo sueco Bofors de 40mm / 60 cal que se tornou a espinha dorsal da artilharia antiaérea do Exército por longos anos. Recentemente, o Exército Brasileiro desenvolveu a Viatura Blindada Guarani em parceria com a IVECO, empresa de capital estrangeiro que se instalou no País para esse fim. Esses são apenas alguns dos vários projetos com organizações de outros países realizados pelo Exército Brasileiro.

Portanto, não tenho dúvidas de que o Brasil e a Suécia têm um amplo campo para o desenvolvimento de sistemas/produtos que possam atender suas demandas locais, bem como as demandas globais. Os dois países possuem polos científico-tecnológicos com capacidade para o desenvolvimento de sistemas inovadores, além de uma base industrial para a produção. A viabilização do desenvolvimento desses sistemas passa pelo levantamento de projetos de interesse comum, aporte financeiro para o desenvolvimento e vontade política dos governos Brasileiro e Sueco. Um exemplo disso, no campo militar, é o desenvolvimento do Gripen NG.

No mês de outubro foi realizado o 1º Seminário de Inovação do Exército em SP, o qual foi um sucesso, sendo um dos pontos altos a inauguração do Sistema Defesa, Indústria e Academia (SisDIA). O senhor poderia nos explicar quais as expectativas do DCT com esse sistema?

Antes de falarmos no SisDIA, é importante fazermos uma pequena explanação histórica para que se entenda o papel das Forças Armadas, particularmente do Exército Brasileiro, nos campos da C,T&I no Brasil. Em 1792, foi criada a Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, atual Instituto Militar de Engenharia. Essa foi a primeira Escola de Engenharia da América e a terceira do mundo e, durante décadas, foi a única instituição nacional a formar engenheiros civis no País. A Real Academia foi também o embrião da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Em 1808, foi fundada a Real Fábrica de Pólvora, a fim de atender os interesses ultramarinos da Coroa Portuguesa, atual Indústria de Material Bélico (IMBEL), que atualmente desenvolve e produz armamento e equipamentos de emprego militar para o Exército Brasileiro. Nas décadas de 40 e 50 do século XX, além de desenvolver a pesquisa aplicada no País, as Forças Armadas contribuíram para o surgimento de importantes indústrias nacionais, como a Petrobras, a Companhia Vale do Rio Doce e a Companhia Siderúrgica Nacional.

Nas décadas de 70 e 80, daquele mesmo século, as Forças Armadas exerceram a liderança em P&D, nos campos da C,T&I, surgindo empresas como a Engesa e Embraer, o que levou o País a possuir naquela época a quinta maior indústria de defesa do mundo.
O surgimento de novos polos de P,D&I espalhados por todo o território Nacional, bem como as restrições orçamentárias impostas ao Exército Brasileiro nas últimas décadas do século passado e início do século XXI, fizeram com que passássemos a ser apenas mais um ator naqueles campos.

A Estratégia Nacional de Defesa, em um dos seus objetivos, prioriza a reestruturação da indústria nacional de defesa e o domínio de tecnologias sensíveis, ou seja, o Exército Brasileiro deve continuar com sua missão histórica de contribuir com o desenvolvimento nacional. Nesse contexto, acredito que o Sistema Defesa-Indústria-Academia de inovação, que é um sistema sinérgico que busca incrementar a cooperação entre as instâncias governamentais de todos os níveis, a base industrial brasileira e as universidades, terá um papel preponderante, na busca de soluções tecnológicas e inovadoras para o Brasil.
O SisDIA quer aproveitar a expertise e as capacidades instaladas nos arranjos produtivos e polos tecnológicos para o desenvolvimento de tecnologias e/ou produção de equipamentos que dotem as Forças Armadas Brasileiras das capacidades necessárias ao atendimento da Estratégia Nacional de Defesa e do Planejamento Estratégico do Exército.

Para isso, deverá atuar de forma integrada à Indústria e à Academia (conceito da tríplice hélice) para o desenvolvimento de tecnologias de ponta para a Defesa, com emprego dual, e para que os PRODE sejam apoiados em tecnologias inovadoras e sob domínio nacional. Para isso, é imperativo que empresas nacionais sejam capazes de absorver novas tecnologias transferíveis, fruto dos contratos celebrados pelo Exército Brasileiro, com cláusulas off-set.

Além disso, acredito que o SisDIA poderá contribuir para o incremento da integração da Defesa, da indústria e da universidade nos projetos de P,D&I levadas a cabo pelo Exército Brasileiro; para o fortalecimento da base industrial de defesa; para a realização de pesquisas aplicadas nas universidades em consonância com os interesses da indústria e do EB; e na aplicação, com eficiência e efetividades, dos recursos governamentais voltados para a P,D&I.

Cooperação Brasil Suécia em Aeronáutica e Defesa intensifica atividades

Após o 4º Workshop Brasil Suécia em Aeronáutica e Defesa, ocorrido em outubro,
surgem novas perspectivas de parcerias e projetos conjuntos
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Organizado pelo Centro de Pesquisa e Inovação Sueco Brasileiro (CISB), em conjunto com o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e a Linköping University (LiU), o 4º Workshop Brasil Suécia em Aeronáutica e Defesa aconteceu na Suécia pela primeira vez, em outubro, reunindo mais de 100 atores da indústria, da academia e do governo de ambos os países. O foco do evento foi fazer um balanço das atividades de cooperação bilateral e discutir as perspectivas futuras.

“Estiveram presentes pessoas que conheciam muito bem a cooperação e os projetos em andamento entre os dois países, o que possibilitou o estabelecimento de conversas maduras sobre o futuro das relações entre Brasil e Suécia no tocante ao setor de aeronáutica e defesa”, resume Ana Caroline Suzuki Bellucci, Coordenadora-Geral das Indústrias do Complexo Aeroespacial e Defesa do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).

Para Ann-Kristin Adolfsson, Chief Strategy Officer da Saab, a plataforma do CISB possibilitou construir pontes no processo de cooperação bilateral. “Sem ela, esta cooperação ampla, profunda e sustentável nunca teria sido possível. São necessários tempo e esforços persistentes, além de conhecimento sobre os sistemas de inovação dos dois países, para fazer prosperar a cooperação”, destaca.

Edison Pignaton de Freitas, do Instituto de Informática de Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), um dos pesquisadores brasileiros que participaram do workshop, elogiou a organização do evento. “Além de uma seleção muito boa dos participantes, a organização estava excelente. O mais interessante para mim, como pesquisador, foi o mapeamento de projetos que podem ser submetidos, bem como o levantamento das necessidades da indústria e dos editais relativos a esses temas”, afirma.

Novas parcerias – Freitas saiu do encontro com um projeto pré-formatado e parcerias definidas para levar adiante uma proposta. Juntamente com parceiros brasileiros e suecos, ele irá submeter um projeto para a chamada Vinnova Finep, aberta em agosto, na área de rede de sensores e drones. O projeto em questão visa a construção de minidrones de quatro hélices para localização autônoma. Pelo lado brasileiro, os parceiros serão a UFRGS, a Universidade de Santa Maria e a empresa Sky Drones, da qual a UFRGS já é parceira. Pelo lado sueco, serão a Saab, a Universidade de Linköping, a universidade de Halmstad e o Blekinge Institute of Technology.

“Alguns dos parceiros eu já conhecia, como a Saab, por exemplo. Mas não tinha uma relação mais estreita com eles. Havia feito um contato prévio para discutir o projeto, mas acertamos tudo no workshop. A participação no evento foi determinante”, destaca.
Ele explica que os minidrones podem ser usados tanto para localização de pessoas como para inspeção em estruturas perigosas, como na inspeção de dutos, gasodutos e plataformas. “É possível, também, utilizá-los para operações da Defesa Civil, na localização de pessoas sob escombros. Tudo depende dos sensores que serão inseridos no minidrone”, conta. Há, segundo ele, um campo muito amplo a ser explorado na área de sistemas de controle de espaço aéreo para harmonizar o voo de aeronaves tripuladas e não tripuladas, com destaque para sistemas de detecção e previsão de colisão.

Interesse comum – Para Ann-Kristin Adolfsson, da Saab, ambos os países podem ganhar com a conjugação de recursos e sinergias em P&D, no setor aeronáutico, em diversas aplicações. “O Brasil, com a Embraer, é um dos poucos players globais na indústria aeronáutica, e é um grande país, em comparação com a Suécia. Achamos que os pesquisadores e a competência industrial dos brasileiros possam ser de grande benefício para a Suécia.”

Ela chama a atenção para o mapeamento realizado pelo Brazilian Aeronautics Reference Group na busca por uma visão consolidada das áreas tecnológicas de interesse comum entre Suécia e Brasil, bem como seus principais desafios. O grupo fez uma apresentação durante o workshop.

“Esse mapeamento é um componente-chave para a cooperação estratégica em aeronáutica entre as duas nações. Este tipo de trabalho é solicitado como input, pelo High Level Group (HLG), na cooperação bilateral em aeronáutica, para o estabelecimento de uma agenda estratégica conjunta. Isso para garantir que ambos os países possam concentrar recursos e financiamento, obtendo o máximo possível de compartilhamento de custos e criando sinergias em iniciativas cooperativas de P&D”, destaca. Algumas das áreas de provável interesse comum são, segundo ela, o desenvolvimento contínuo do sistema Gripen, no tocante à fabricação, digitalização, autonomia e engenharia de sistemas.

Segundo Ann-Kristin, eventos como esse são fundamentais para compartilhar o progresso da cooperação bilateral, incluir novos stakeholders, e também para fomentar a realização de reuniões de trabalho entre parceiros durante a programação. “Com a participação das agências financiadoras no evento, os pesquisadores podem entender melhor o funcionamento da cooperação e preparar propostas de pesquisa para financiamento. As agências de fomento também têm a oportunidade de identificar as áreas mais importantes para subsidiar. A participação da Força Aérea Brasileira, no mais alto nível, também garantiu uma melhor compreensão das direções estratégicas e constituiu uma boa base para a conexão entre as universidades, indústria e governo”, afirma.

Pesquisa e desenvolvimento - Ana Caroline Suzuki Bellucci, do MDIC, destaca que as iniciativas de colaboração bilateral entre Brasil e Suécia no setor de defesa e aeronáutica são muito bem vistas pelo governo brasileiro. “Há ganhos em aquisição de conhecimento e em execução de projetos, há mais atores participando das cadeias produtivas e das iniciativas de P&D. Trata-se de uma experiência nova para o País, que pode ser aproveitada na implementação de outros programas e ações.”

Ana Caroline é membro do recém-formado Comitê Executivo do HLG, e nele representa também outros ministérios, como o da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI), o das Relações Exteriores (MRE) e o do Ministério da Defesa. “É um comitê de apoio técnico ao HLG que vai ser responsável, entre outras coisas, por análises de propostas, projetos, ações, atividades e proposições. Foi criado na segunda reunião do High Level Group que ocorreu em outubro em Brasília e deve se reunir a cada quatro meses.” A primeira reunião do comitê, segundo ela, está prevista para março de 2017.

Ela lembra que o setor aeronáutico é um grande caso de sucesso na adoção do modelo de tripla hélice, que opera via interações entre indústria, governo e academia. “No Brasil, o setor de aeronáutica é um modelo para os outros setores nesse sentido.”


CISB e Saab AB abrem chamada para projetos

Prazo de submissão vai até dia 11 de abril.

O Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (CISB) e a Saab AB lançaram sua primeira chamada conjunta para a formação de recursos humanos altamente qualificados nas melhores universidades e instituições de pesquisa na Suécia. O objetivo é promover a internacionalização da ciência e tecnologia brasileira e propiciar condições para que pesquisadores brasileiros, envolvidos na cooperação Brasil-Suécia no setor aeronáutico, possam desenvolver seus estudos e pesquisas. Os projetos selecionados serão contemplados com bolsas de doutorado sanduiche ou pós-doutorado, de no máximo, seis meses, entre setembro de 2017 e julho de 2018.

Nesta chamada, as áreas prioritárias são: metodologia de conceito/design e análise operacional; concepção global e integração de sistemas; redes de comunicação, C2/ATM e cyber security; HMI e sistemas autônomos e tomada distribuída de decisões; sensores – sistema e funções; sistemas intensivos de software; engenharia aeronáutica e sistemas veiculares; materiais, projeto e instalação de estruturas de aeronaves, tecnologia estrutural e fabricação; suporte à manutenção e logística e gestão integrada de desenvolvimento de produto.

“Os suecos possuem uma agenda estratégica estabelecida em aeronáutica, com desafios, visão e atores envolvidos. Dentro dessa agenda se encontram os "clusters", conjuntos de áreas integradas, sinérgicas. São essas as áreas prioritárias para a Saab em termos de cooperação com o Brasil, e que constam da nossa chamada”, esclarece Eduardo Nascimento, Analista de Portfolio de Projetos e Parcerias no CISB.

Segundo ele, a experiência com as chamadas que o CISB já realizou em parceria com o CNPq e com apoio da Saab AB vão muito além do mundo acadêmico. “Claro, existe a produção e a disseminação de conhecimento por meio de artigos científicos e participação em congressos, por exemplo, mas estamos indo além disso. Estamos apoiando  a construção de uma colaboração de longo prazo entre Brasil e Suécia, pois os pesquisadores que retornam continuam colaborando com seus parceiros”, conta.
“Temos muitos exemplos, tais como os projetos de pesquisa que estão no portfólio do CISB, de pesquisadores brasileiros que conseguiram recursos em agências de financiamento para trazer seus parceiros como pesquisadores visitantes nas universidades brasileiras, de acordos entre universidades, entre outros”, acrescenta.

Submissão de propostas – Para se inscrever, o candidato deve preencher o formulário eletrônico disponível no site www.cisb.org.br (chamada CISB SAAB 04/2016) e encaminhar a proposta para o e-mail projects@cisb.org.br. As propostas devem ser transmitidas ao CISB até às 12h00, no horário de Brasília, do dia 11 de abril. O arquivo deve ser enviado em formato pdf com, no máximo, 1Mb. Os resultados serão divulgados no dia 11 de agosto.

A proposta deve conter: o formulário preenchido; o projeto de pesquisa em inglês e português, de acordo com modelo padrão disponível no mesmo site; o currículo do candidato atualizado na Plataforma Lattes; o currículo do orientador no exterior; documentação comprobatória de que o candidato está habilitado a usufruir da bolsa de doutorado sanduíche ou pós-doutorado; uma carta de manifestação do supervisor brasileiro, para candidatos de doutorado sanduíche, e uma carta de aceitação de orientação da instituição sueca, para candidatos a doutorado sanduíche e a pós-doutorado; e uma carta de manifestação de interesse do supervisor da Saab.


Volvo Cars Brasil busca parceiros para inovar

Incentivada por programas como o Inovar Auto, do governo federal, e apoiada pela parceria com o CISB,
empresa quer estabelecer iniciativas de P,D&I no País.

O Brasil é, atualmente, um dos sete maiores mercados automotivos do mundo. Impulsionada pelo interesse em aumentar a experiência internacional de trabalho com o País, pelo tamanho do mercado brasileiro, e também pelo programa governamental Inovar Auto, que incentiva a inovação no setor, a Volvo Cars designou o engenheiro Anders Hedebjörn como Gerente Senior de Projetos de P&D no Brasil. Sua tarefa é trabalhar com  iniciativas de pesquisa e desenvolvimento na subsidiária local, a Volvo Cars Brasil.

Hedebjörn, que chegou em agosto, afirma que a estratégia inicial é estabelecer relações com provedores de pesquisa brasileira, sejam esses públicos ou privados. “Estamos buscando parceiros, contatando empresas e instituições de pesquisa. A maioria das iniciativas de pesquisa e desenvolvimento ainda está focada em nosso quartel-general, em Gotemburgo, na Suécia. No entanto, acreditamos que as competências do Brasil serão valiosas para a Volvo Cars”, disse. As instalações da Volvo Cars no Brasil, segundo ele, têm infraestrutura para permitir a introdução de operações de pesquisa e desenvolvimento.

Em sua avaliação, a parceria com o CISB é fundamental para que essa estratégia seja bem-sucedida. A Volvo Cars Brasil é membro do CISB desde 2014. “A parceria com o CISB provou ser valiosa, porque vem abrindo contatos relevantes, potenciais parceiros no Brasil, relacionados às necessidades de P&D da Volvo Cars. E, além disso, porque estimula o diálogo entre Suécia-Brasil e entre parceiros brasileiros da Volvo Cars na área de P&D. O CISB é uma fonte de informação, fornecendo insights úteis, experiências e recomendações para que Volvo Cars estabeleça colaborações de P&D bem-sucedidas”, destaca.

Segundo ele, é sempre difícil estabelecer operações em uma região nova. “Desenvolver carros leva tempo e é importante ter uma situação estável ao longo dos anos. No curto e médio prazo, gostaríamos de estabelecer uma rede de parceiros no Brasil e criar uma base comum para a cooperação em diferentes áreas e níveis de pesquisa e tecnologia. Em paralelo, temos de aprender e entender os requisitos locais, que diferem da Suécia.”

Interesses locais – Hedebjörn está aqui mais especialmente para gerenciar a participação do Brasil no programa Inovar Auto, uma iniciativa lançada em 2012 pelo governo brasileiro que tem como objetivo a criação de condições para o aumento de competitividade no setor automotivo, a produção de veículos mais econômicos e seguros e o investimento na cadeia de fornecedores: em engenharia, tecnologia industrial básica, capacitação e P&D.

“O programa Inovar Auto é uma excelente maneira da Volvo Cars aprender mais sobre as oportunidades no Brasil. Pode ser um ponto de partida para futuras atividades e nós estamos utilizando este fomento em P&D. Os resultados do trabalho feito no Brasil vão aparecer nos nossos futuros carros.”

Criado pela Lei n° 12.715/2012 o programa abrange o período de 2013 a 2017 e postula que as empresas habilitadas podem apurar crédito presumido de IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados) com pesquisa; desenvolvimento tecnológico; inovação; insumos estratégicos; ferramentaria; capacitação de fornecedores, entre outros. A lei estabelece que, a partir de 2016, veículos que atinjam as metas pré-estabelecidas de eficiência energética têm descontos de 1 a 2 pontos percentuais no IPI.

Segundo Hedebjörn, um dos pré-requisitos para participar do programa é desenvolver veículos mais econômicos em combustível para o mercado brasileiro. “Isso está alinhado com os valores da Volvo Cars sobre o meio ambiente. Aderindo ao Inovar Auto, temos oportunidade de utilizar o financiamento para executar P&D e gerar empregos na área de engenharia no Brasil, relacionados a diferentes tecnologias de economia de combustível”, afirma.

A Volvo Cars está no Brasil desde 1991, focada na comercialização dos veículos, e não no desenvolvimento de P&D. “O ambiente é novo para nós, diferente, mas não tão difícil. A conversa, a troca de informações com os engenheiros e pesquisadores, é como em qualquer outro país onde temos atividades de P&D. Mas a administração é mais extensa e vagarosa com relação ao que estamos acostumados. E, infelizmente, a falta de conhecimento do inglês é, às vezes, um obstáculo.”

Perspectivas futuras – Apesar da crise atual, que preconiza um momento econômico difícil para a indústria automotiva no próximo biênio, a expectativa é que o Brasil ocupe o quarto ou quinto lugar no ranking dos maiores mercados do mundo daqui a alguns anos. “A curto prazo, 2017-2018, o mercado ainda enfrentará dificuldades. No entanto, é importante observar que o segmento premium no Brasil é bastante pequeno em comparação aos outros mercados. Isso mostra o potencial para o segmento no qual a Volvo está competindo e as possibilidades de crescimento vão até 2020”, avalia.

Anders também crê que os chamados veículos autônomos, uma forte tendência da indústria automotiva, terão um papel importante no mercado brasileiro em alguns anos. “Acreditamos que a introdução de sistemas avançados de assistência de direção [advanced driver assistance systems – ADAS] será benéfica para o sistema de tráfego em qualquer Estado ou mercado. O Brasil é, em muitos aspectos, um mercado automotivo maduro. Acreditamos que, em uma estreita colaboração com cidades e governo, os veículos autônomos possam desempenhar um papel atraente no futuro sistema de tráfego daqui”, finaliza.

Conceito de mineração 4.0 dá o tom da colaboração entre ITV e Luleå University of Technology

Propostas de pesquisas estão baseadas em modernas tecnologias de informação e comunicação .

Uma profícua parceria foi estabelecida entre o Instituto Tecnológico Vale (ITV) e a Luleå University of Technology (LTU) como resultado do Dialogue in Sustainable Mining, organizado pelo Centro de Pesquisa e Inovação Sueco Brasileiro (CISB), em maio passado. O evento aconteceu na sede da ITV Vale em Belo Horizonte e também contou com a presença da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), em maio.

Na sequência do evento, o pesquisador Diego Galar, da Luleå, teve dois projetos aprovados na chamada anual do ITV encerrada em 30 de maio. “A mineração é um tema importante para a Suécia e o Brasil, e a cooperação é certamente positiva. A Vale é o maior grupo de mineração do mundo e a Suécia, um dos principais fabricantes de máquinas de mineração. Portanto, a estrutura de colaboração está apoiada na ideia de novas tecnologias para um processo de mineração mais sustentável e eficiente”, afirma Galar.

Ele lembra que a Luleå é uma instituição líder em tecnologia de mineração na Europa e o ITV é claramente o braço científico e tecnológico da mais poderosa indústria de mineração do mundo. “Juntos esperamos desenvolver colaboração intensiva e de longo prazo em um número de áreas que compreende a exploração de minas, a caracterização, as operações etc...”

As propostas trabalhadas em conjunto entre Luleå e ITV estão focadas em processos de otimização e monitoramento da integridade de ativos de mineração, com o objetivo de minimizar o tempo de inatividade devido a falhas inesperadas. “Esta é uma grande preocupação das empresas”. A primeira proposta de pesquisa é focada na área de manutenção de ativos e a outra é um projeto na área de otimização de processos em tempo real.

“Nossa ambição é sermos capazes de coletar dados sobre ativos móveis de mineração e realizar a avaliação de performance regular desses ativos, para agendar janelas de manutenção e otimizar a produção. As ferramentas subjacentes na digitalização da mina, no sentido de habilitar processos de produção e de manutenção, serão as tecnologias de informação e comunicação – TICs, que incluem o conceito de e-Maintenance. Uma tendência que estamos chamando, na Europa, de mineração 4.0, seguindo o caminho da indústria 4.0, ou seja, a quarta revolução industrial, alimentada por novas tecnologias de comunicação”, explica Galar.
A segunda proposta foca o monitoramento de correias transportadoras. De acordo com Diego Galar, é um tópico crucial para o Brasil. “A Vale tem um projeto muito ambicioso a esse respeito, de substituir caminhões tradicionalmente usados na indústria de mineração por esses equipamentos, que certamente são mais eficazes e com impacto menor no meio ambiente.”

De acordo com o pesquisador, a colaboração vai abordar o setor de mineração de forma holística, seguindo o ditado da Luleå em termos de pesquisa mineral: “do hard rock ao heavy metal.”


6º Encontro Anual do CISB foi realizado no Brasil e na Suécia

As atividades aconteceram em diferentes cidades de ambos os países,
em colaboração com os membros e parceiros do CISB
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Entre os dias 8 e 28 de outubro, o Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (CISB) promoveu seu 6º Encontro Anual que ofereceu uma oportunidade única para conectar pessoas, criar pontes, fomentar a colaboração, catalisar iniciativas e fortalecer a rede de inovação e pesquisa entre seus membros, parceiros e atores dos dois países.

Pela primeira vez, o encontro foi realizado no Brasil e na Suécia, com workshops, seminários, diálogos, reuniões de cúpula e encontros de líderes de projeto. As atividades aconteceram nas cidades de Linköping e Estocolmo (Suécia), São Bernardo do Campo, Curitiba, Florianópolis e Belo Horizonte (Brasil), em diferentes datas, e foram organizadas em colaboração com membros e parceiros do CISB.

Na Suécia, ocorreram quatro atividades. A primeira delas foi o Congresso de Tecnologia Aeroespacial 2016, que aconteceu de 10 a 12 de outubro em Estocolmo. Na sequência, foi realizado o 4º Workshop Brasil-Suécia em Aeronáutica e Defesa e o Workshop de Engenharia de Sistemas e Inovação. Ambos em Linköping, nos dias 13 e 14 de outubro, respectivamente. Houve ainda um grande incentivo para reuniões de projetos do portfólio em Aeronáutica Brasil-Suécia.

“O Congresso de Tecnologia Aeroespacial é um dos principais eventos da indústria aeroespacial mundial, e teve uma sessão especial dedicada à colaboração Brasil-Suécia. Por esse motivo contou com forte apoio do CISB desde o final do ano passado no sentido de garantir uma relevante participação do lado brasileiro. Já o 4º Workshop Brasil-Suécia em Aeronáutica e Defesa reuniu os atores da indústria, academia e governo de ambos os países para um balanço das atividades de cooperação e as perspectivas futuras”, conta Alessandra Holmo, Managing Director do CISB.

Ela também destacou a importância do Workshop de Engenharia de Sistemas e Inovação. “A Engenharia de Sistemas é uma área complexa e multidisciplinar, cujas ferramentas e metodologias fomentam a inovação.” Esta atividade foi realizada em parceria com a Linköping University, que tem forte atuação na área.

No Brasil, o Encontro Anual foi composto por atividades sediadas em diversas cidades, algumas delas com potencial para gerar novos projetos de pesquisa. A primeira atividade aconteceu no Instituto de Pesquisa da Marinha (IPqM) no dia 21 de outubro. O Dialogue Competing for Leading Edge Technology contou com a participação de mais de 40 participantes da marinha, além de convidados; como o consultor do CISB Francisco Taborda, do Magnus Ahlstrom, Saab AB; de André Bittencourt, da Linköping University e de Mats Olofsson, Coronel reformado das Forças Armadas da Suécia.

Já nos dias 25 e 26 de outubro, em Florianópolis, aconteceu o 3º Workshop em Engenharia Inovadora para Energia de Fluídos. O foco dessa atividade, que contou com diversos palestrantes estrangeiros, foi apresentar ferramentas e métodos para desenvolvimento e design de sistemas hidráulicos e pneumáticos.

O CISB também apoiou uma iniciativa da Scania, o INOVATHON – Desafio Logístico, que aconteceu nos dias 8 e 9 de outubro, em São Bernardo do Campo. O INOVATHON foi uma maratona na qual alunos de graduação tiveram a missão de criar uma solução inovadora para os desafios logísticos da empresa.

A última atividade da programação foi a quarta edição do Study in Sweden Brazilian Roadshow. Entre os dias 20 e 28 de outubro, estudantes de graduação de várias universidades brasileiras puderam conversar com representantes de sete universidades suecas sobre as oportunidades de estudo e desenvolvimento de projetos de pesquisa no país.


Scania estreita relação com a academia com desafio universitário

Competição de logística teve 600 inscritos de todo o País, e deu oportunidade aos estudantes de colocarem em prática seus conhecimentos .

A Scania Latin America vem estreitando cada vez mais seu relacionamento com a academia brasileira. Em outubro passado, a empresa, que é um dos principais fabricantes mundiais de caminhões pesados, de ônibus e de motores industriais e marítimos, realizou o Inovathon Logistics Challenge – uma competição na qual estudantes universitários tiveram o desafio de criar uma solução inovadora para um problema prático em logística. A competição contou com o apoio do Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (CISB) e foi realizada na fábrica da Scania, em São Bernardo do Campo (SP).

Foram selecionados 25 estudantes de graduação entre 600 inscritos de todo o País. Divididos em cinco equipes, eles tiveram que criar uma solução para um desafio proposto pela Scania em apenas 24 horas. No final, venceu um projeto de aluguel de caminhões para frotistas, usando conceitos de conectividade e monitoramento via satélite em tempo real, direção autônoma e drones para reparos no sistema de direção e gerenciamento das cargas.

A equipe vencedora foi composta por alunos da Universidade Federal do ABC (UFABC), do Centro Universitário Fundação Santo André, do Centro Universitário FEI  e da Universidade de São Paulo (USP). Eles foram premiados com uma viagem à capital sueca, Estocolmo, e a cidade de Södertälje, onde fica a sede da Scania, para acompanhar todo o processo logístico da companhia.

A competição foi uma oportunidade para os estudantes aprimorarem seus conhecimentos de forma prática no ambiente industrial. “Nós da Scania tínhamos um desafio de realizar algo diferente, inovador e principalmente que gerasse valor para os estudantes que participaram do Inovathon e para a Scania, enquanto empresa”, conta Patricia Acioli, diretora de comunicação da Scania Latin America.

Em razão do sucesso da iniciativa, a Scania já confirmou a realização da segunda edição do desafio no próximo ano. E o evento terá a marca registrada. “Em 2017, comemoramos 60 anos de Scania no Brasil, então, o que podemos adiantar é que haverá uma conexão do Inovathon com essa celebração.”


SACF realiza último seminário do biênio e fará balanço dos resultados

Evento será realizado em Estocolmo e também abordará a manutenção dos
financiamentos para colaboração durante períodos de escassez de subsídios.

Entre 13 e 16 de fevereiro, representantes de universidades, agências financiadoras e governos estarão reunidos no 6º Seminário organizado pela Swedish Academic Colaboration Forum (SACF) para discutir o futuro da colaboração internacional em pesquisa e fazer um balanço das conquistas dos dois últimos anos – período em que o Fórum organizou estimulantes seminários na Coreia do Sul, em Singapura, na China, na Indonésia e no Brasil.

A Ministra da Educação e Pesquisa da Suécia, Helene Hellmark Knutsson, participará da conferência. Há ainda uma programação de atividades opcionais pré e pós seminário, incluindo visitas a cada uma das universidades parceiras do Fórum: Chalmers University of Technology, Royal Institute of Technology (KTH), Linkoping University, Lund University, Stockholm University e Uppsala University (www.sacf.se).

Segundo Erica Buck, coordenadora de projetos do setor de relações internacionais do KTH, nesta edição do evento os participantes irão se organizar em mesas de discussão para que cada país possa endereçar desafios específicos. “Para o seminário em Estocolmo, estamos preparando uma mesa-redonda de alto nível com representantes das universidades brasileiras, agências financiadoras e ministros. Vamos discutir duas questões e a primeira é: Como podemos apoiar o estabelecimento de uma plataforma efetiva para cooperação bilateral?”

Durante o seminário anterior, organizado em maio no Brasil, já houve um avanço importante quando uma chamada conjunta entre a FAPEMIG (Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais) e a VINNOVA foi lançada para colaborações em smart industries. “Desde então, duas chamadas adicionais foram criadas para projetos em Aeronáutica entre o SENAI e a VINNOVA, e entre esta e a FINEP. Também observamos um movimento na área de fotônica síncrotron com a celebração de uma parceria entre o acelerador sueco Max IV, em Lund, e o acelerador brasileiro Sirius, em Campinas. Em outubro, um acordo importante foi assinado no Itamarati, estabelecendo estrutura de alto nível para a colaboração em Aeronáutica, que será uma área de muita atividade em 2017, com cinco eventos já planejados”, revela, ressaltando que também houve avanços de colaboração nas áreas de mineração e sistemas autônomos.

No dia 14, o SACF apresenta seu relatório final referente ao biênio e também os principais resultados dos esforços empenhados. “O objetivo do SACF é identificar e promover caminhos efetivos para a continuidade da colaboração, ou organizando um seminário, ou aproximando centros de pesquisa, como ocorreu no caso dos aceleradores. Também é importante definir como a academia pode ser organizar para promover a colaboração bilateral. Talvez um Fórum Acadêmico Brasil-Suécia também pudesse ser formado”, sugere.

Para Erica, a crise que o Brasil atravessa afeta a mobilidade dos estudantes, mas a colaboração já estabelecida entre os dois países serve como base para a contínua pesquisa conjunta. “É possível que, em algumas áreas, seja mais difícil alocar fundos para novas pesquisas, forçando um movimento um pouco mais lento. Mas há ainda muitos canais abertos para pesquisa, particularmente em áreas de pesquisa prioritárias como aeronáutica, sustentabilidade, mineração, florestal, digitalização, novos materiais e, claro, inovação. Durante a mesa-redonda, em Estocolmo, a segunda questão que iremos abordar é ‘Como mantemos as colaborações à tona em um cenário de escassez de financiamento? ‘. Esperamos que este diálogo leve a sugestões concretas sobre como continuar o financiamento das colaborações.”

O primeiro seminário SACF foi realizado na Coreia do Sul em abril de 2015, o segundo seminário ocorreu em Singapura no início de novembro de 2015 e o terceiro na China, no final de novembro de 2015. Em março de 2016 foi implementado o quarto seminário, na Indonésia, e o último aconteceu no Brasil em maio de 2016.

 


Novo sistema para coordenação de tráfego de navios poderá trazer competitividade aos portos brasileiros

Suécia lidera projeto de desenvolvimento do Sea Traffic Management (STM) na Europa.
FEI e CISB articulam para trazer essas inovações para o Brasil.

Um novo e inovador conceito para operação de portos, o Sea Traffic Management (STM) vem sendo desenvolvido por diversas instituições da Suécia no âmbito do Programa Monalisa, e o Brasil pode se inserir nessa rede. Esse é o objetivo do projeto que está sendo trabalhado pela FEI, em parceria com o CISB, para promover a colaboração de empresas, universidades, institutos de pesquisa e governo de ambos os países, de forma a melhorar as condições de operação dos portos brasileiros, dando competitividade ao setor no País e reduzindo as emissões de gases de efeito estufa pelo sistema de transporte nacional.

Atualmente o projeto STM está em fase de validação na Europa. Já foram realizadas duas fases do projeto, o Monalisa 1 e 2, quando foi definido o novo conceito de STM. “Estamos buscando parceiros aqui e na Suécia para viabilizar a transferência de conhecimento e tecnologia para os portos brasileiros. Nossa ideia é começar pelo Porto de Santos”, explica Mauro Sampaio, professor da FEI que elaborou a proposta brasileira. “Nesta nova fase, que chamamos STM, o objetivo é implementar as ideias geradas nas fases anteriores, promovendo um teste de campo envolvendo 300 navios, quatro portos europeus e alguns centro de simulação”, completa.

Os pesquisadores detectaram que, nos sistemas já existentes de identificação automática, havia um gap: os navios não têm habilidade de ver as rotas dos demais e, com isso, os envolvidos nas operações portuárias não dispõem de informações completas para tornar as manobras nos portos mais ágeis e seguras. O STM permitirá a coleta, integração, compartilhamento, apresentação e análise harmônica de informações a bordo e em terra, utilizando tecnologia da informação e comunicação.

Ou seja, o STM é um novo conceito que integra um conjunto de tecnologias, sistemas e processos, de forma que a operação dos portos e do tráfego marítimo se torne parecida com a gestão do tráfego aéreo. O sistema captura e promove a integração e troca de dados entre os navios e as equipes em terra de portos, terminais e das autoridades portuárias, que terão, assim, todas as informações necessárias para executarem uma operação mais segura e eficiente, além de promover a redução dos impactos ambientais causados pelos navios, que não perdem tempo esperando uma posição para atracar, economizando no gasto de combustível.

Uma tecnologia é fundamental para o funcionamento do sistema: o Port Collaborative Decision Making (PORT CDM). Ele serve, por exemplo, para recomendar horários de chegada para os navios que se aproximam dos portos, recebendo e enviando dados do STM para permitir o uso otimizado dos recursos dos portos e sua melhor operação.

“Os suecos estão coordenando todo o projeto, que, uma vez aprovado, será implementado em toda a Europa. O Brasil pode manter-se atualizado, conhecendo as ideias do projeto e testando partes da solução, como o sistema PORT CDM. Além de possibilidades de ganhos imediatos para a operação, estaríamos atualizados para absorver as tecnologias que virão no futuro”, destaca.

Sampaio destaca, ainda, que o STM é totalmente compatível com o conceito de ‘green corridor’ que está sendo desenvolvido na Europa, nos quais se propõem o uso do transporte intermodal e de inovações que permitam a redução do consumo de combustível, e por consequência, da emissão de gases poluentes. Estudos estão sendo realizados no Brasil para verificar a possibilidade de se implementar esse tipo de corredor aqui. Uma das ideias em discussão é incentivar a navegação de cabotagem pelo litoral brasileiro (o Short-Sea Shipping ou SSS), criando os chamados ‘fast terminals’, que operam usando sistemas automatizados, como o STM.


CISB - Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro • Rua José Versolato, 111, São Bernardo do Campo, SP , Brasil • CEP 09750-730
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