Boletim CISB nº 23 - junho de 2016
VINNOVA e SENAI, juntos com a mesma meta
Jonas Brändström, chefe da unidade de Colaboração Internacional da VINNOVA
Marcelo Prim, gerente de Tecnologia e Inovação do SENAI

Em maio deste ano, o SENAI assinou um Memorando de Entendimento com a VINNOVA – agência sueca de inovação. Desse acordo, foi lançada uma chamada pública para selecionar propostas de estudos de viabilidade de projetos conjuntos de pesquisa e inovação em aeronáutica, entre Brasil e Suécia colaborando para o desenvolvimento da agenda de cooperação estratégica de longo prazo entre os dois países no setor. Nesta entrevista, o chefe da unidade de Colaboração Internacional da VINNOVA, Jonas Brändström, e o gerente de Tecnologia e Inovação do SENAI, Marcelo Prim, contam mais detalhes sobre esta iniciativa.

Qual a experiência do SENAI em cooperação internacional? E qual a expectativa em relação à cooperação com a Suécia?

Marcelo Prim - O SENAI possui, em suas diversas área de negócios, larga experiência em cooperação internacional. A mais recente foi o lançamento, em 2015, de uma chamada coordenada de projetos inovadores entre SENAI e Innovate UK, no âmbito do Newton Fund, explorando três áreas: água, resíduos sólidos e energia. A expectativa da cooperação com a Suécia é de incrementar interações e intercâmbios entre os dois países, beneficiando a indústria brasileira e fortalecendo a proposta de valor dos Institutos SENAI a serviço da inovação industrial brasileira.

Quais são as principais bases do Memorando de Entendimento e da chamada?

Marcelo Prim - O acordo de cooperação está consoante e complementa o protocolo adicional de inovação em cooperação industrial de alta tecnologia entre os governos do Brasil e da Suécia, firmado em outubro de 2009. A chamada é coordenada e foi organizada pela VINNOVA, na Suécia, e pelo SENAI, no Brasil. Visa promover o desenvolvimento de soluções inovadoras que possam servir para desenvolver o setor aeronáutico, bem como outros setores industriais. Seu objetivo principal consiste em fortalecer redes bilaterais para cooperação em pesquisa e desenvolvimento que conduzam a inovações, contribuindo para o desenvolvimento e crescimento econômicos sustentáveis de ambos os países. A meta é incrementar a pesquisa estratégica e parcerias de desenvolvimento que conduzam a inovações.

Quais são os resultados esperados desta ação no curto, médio e longo prazo?

Jonas Brändström No curto prazo, a expectativa é que esses atores formem consórcios capazes de desenvolver e adaptar novas soluções. No médio prazo, esperamos criar vínculos duradouros e de longo prazo, entre as instituições suecas e brasileiras, apoiando o desenvolvimento e o fortalecimento de redes novas e estabelecidas.

De que forma as propostas selecionadas nesta chamada serão apoiadas?

Marcelo Prim – O SENAI e a VINNOVA selecionarão as dez melhores propostas de projeto. Para cada projeto selecionado, o SENAI aportará, segundo as regras do Edital SENAI SESI de Inovação 2016, o valor de até R$ 100 mil para a parte brasileira do consórcio. A VINNOVA aportará igual montante no consórcio da Suécia. Adicionalmente, a rede de Institutos de Inovação do SENAI apoiará ativamente a elaboração dos projetos e dos seus respectivos estudos de viabilidade.

Como os projetos aplicados serão avaliados? Haverá um comitê bilateral para avaliação?

Jonas Brändström - Primeiramente, um processo de avaliação nacional classificará os melhores projetos da perspectiva nacional. Depois, uma comissão bilateral acordará os melhores projetos que atendam aos interesses dos dois países.

Por que a área de aeronáutica foi escolhida?

Jonas Brändström  - Na Suécia, a indústria aeronáutica conta com um sistema de inovação bem estabelecido, no qual muitos atores cooperam proveitosamente para desenvolver novos conhecimentos e soluções. Inúmeras organizações de suporte à inovação também estão muito comprometidas. É também uma base excelente para a expansão em outras áreas.  Além disso, um grupo de alto nível em aeronáutica foi formado no ano passado com um forte comprometimento de diversas organizações da Suécia e do Brasil.

E para o SENAI, qual a importância em apoiar mais projetos focados em aeronáutica numa perspectiva de longo prazo?

Marcelo Prim –O setor aeronáutico é, por natureza, multidisciplinar. Desta forma, propicia a colaboração entre empresas suecas e brasileiras em diversos setores industriais. As redes formadas entre as instituições e empresas suecas, seus homólogos no Brasil, e os Institutos de Inovação do SENAI, constituem substrato necessário ao desenvolvimento de ecossistemas de inovação mais dinâmicos, catalisando a sustentabilidade econômica de longo prazo dos dois países.

Há outras ações previstas em conjunto? 

Jonas Brändström - O Memorando de Entendimento acaba de ser assinado, e neste momento precisamos primeiro verificar os resultados, avaliá-los e depois decidirmos como prosseguir.

A VINNOVA tem outros acordos no momento?

Jonas Brändström - Nós também firmamos um Memorando de Entendimento com a FAPEMIG, em Belo Horizonte, para apoiar spin-offs geradas no Workshop AIMday Smart Industries. O AIM Day é um conceito criado pela Universidade de Uppsala, que aproxima a indústria da academia, e daremos apoio para projetos de spin out suecas, assim como a FAPEMIG dará suporte no Brasil. Desde 2009, nós temos mantido contato com inúmeras instituições brasileiras e estamos empenhados em ampliar e aprofundar a colaboração.


Semeando em terreno fértil

O desenvolvimento de projetos em aeronáutica e defesa também
abrirá novas frentes de inovação em outros setores da economia
.

Além de impulsionar o desenvolvimento do setor de aeronáutica e defesa, a cooperação Brasil-Suécia irá estimular outros setores da economia brasileira. Para que a cooperação avance, será necessário definir recursos em diferentes níveis para dar suporte aos projetos e envolver a indústria de ambos os países. Esta foi a principal conclusão do seminário A high-tech focus area for a new level of Brazilian-Swedish cooperation, realizado em Brasília, no dia 16 de maio, pelo Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro.

O seminário contou com a presença de cerca de 60 participantes da hélice tripla do Brasil e Suécia, com destaque para: Ministério da Defesa do Brasil e da Suécia, MCTI, CNPq, MDIC, ABDI, Força Aérea Brasileira, Forças Armadas da Suécia, BNDES, entre outros.
O reitor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Anderson Correia, um dos palestrantes do evento, considera o caça Gripen um marco na cooperação entre os dois países. “O Gripen abriu uma frente maior de cooperação entre Brasil e Suécia, que certamente fomentará ainda mais o desenvolvimento do setor aeronáutico brasileiro”, destacou. Trata-se, disse ele, do único setor exportador de alta tecnologia que é superavitário no Brasil. Em 2014, o setor foi responsável por US$ 1,5 bilhão do total de US$ 225,1 bilhões exportados.

Segundo ele, nenhum outro setor da economia brasileira têm um ambiente tão favorável à inovação quanto o da aeronáutica do ponto de vista da infraestrutura de pesquisa e desenvolvimento. “Com essa parceria, estamos semeando em um terreno fértil”, destacou. O ponto alto do seminário, em sua avaliação, foi mostrar que as universidades e institutos de ambos os países já estão estruturando projetos conjuntos. “Agora, precisamos definir a forma de apoio a esses projetos e inserir as empresas neles, ou seja, passarmos efetivamente para a etapa do desenvolvimento”, disse.

Caso de sucesso – Um desses projetos é o AeroLogLab-ITA, um laboratório de engenharia logística aeroespacial que foi apresentado no seminário pelo Coronel Fernando Abrahão, do ITA, e pelo pesquisador Diego Galar, da Luleå University of Technology (LTU). O laboratório desenvolverá atividades de pesquisa e educação em logística para o caça Gripen e para o avião de carga KC-390 durante todo o ciclo de vida útil das frotas, algo estimado em mais de 30 anos. Sediado no ITA, suas pesquisas estão sendo desenvolvidas em parceria com a LTU. Além de inovações, terá a missão de capacitar profissionais para fazer o gerenciamento da logística dessas aeronaves. “A expectativa é que 90% dos profissionais que vão atuar com o Gripen e o KC-390 sejam capacitados no laboratório”, contou Abrahão.

O AeroLogLab-ITA deverá também fazer projetos de pesquisa em parceria com empresas do setor. “Já estamos discutindo projetos com a Embraer, Saab e Akaer”, disse. Também está prevista, segundo ele, a formação de Comitê de Aconselhamento para o laboratório, que contará com membros da academia, governo e indústria. Em sua avaliação, o laboratório também terá grande importância para a aviação civil. “A logística no setor aeronáutico é fundamental para viabilizar economicamente a operação das aeronaves. Muitas vezes, o prejuízo com uma aeronave parada em manutenção é maior que os gastos com os componentes”, exemplificou.

Ponta do iceberg – Outro palestrante do evento foi o diretor do programa INNOVAIR – agenda estratégica sueca em P,D&I do setor aeronáutico –, Anders Blom. Um dos pontos que ele ressaltou foi a importância econômica do projeto ao mostrar que, na Suécia, o retorno financeiro com o caça Gripen foi quase três vezes maior que o investimento inicial, só com a transferência da tecnologia. Isso dá uma ideia do que o Brasil tem a ganhar nessa parceria.

Em sua apresentação, ele apontou as tecnologias que podem ser desenvolvidas na cooperação com o Brasil no âmbito da internacionalização da agenda do INNOVAIR, e quais setores, além da aeronáutica, poderão se beneficiar deles, como automotivo, mineração, segurança civil, telecomunicação e robótica. É a chamada tecnologia de triplo uso, que deverá estimular a formação de spin-outs nos dois países.

Blom também apresentou os projetos almejados, como uma aeronave não tripulada voltada para defesa e segurança, uma nova geração de caças e de aviões comerciais. “A próxima geração de caças ainda manterá as características da quinta geração, com mudanças incrementais. Mas algumas inovações radicais serão feitas durante o ciclo de vida da aeronave”, contou. As aeronaves comerciais, segundo ele, estão sendo desenvolvidas com foco em questões ambientais e nos aspectos de custos. “Portanto, novos materiais, novas técnicas de produção, logística baseada em custo-benefício e procedimentos de manutenção serão importantes”, explicou.

O diretor do INNOVAIR também apontou a importância do Comitê Bilateral em Aeronáutica para definir formas de apoio aos projetos em diferentes níveis. “Nós queremos avançar de uma cooperação em pesquisa de baixo TRL para atividades de demonstradores em componentes ou sistemas que tragam grandes retornos com custos compartilhados. Para alcançarmos os objetivos esperados, além de metas em comum, são necessários investimentos em profissionais qualificados e infraestrutura por parte da indústria e dos governos de ambos os países”, finalizou.


AIMday gera primeiras propostas conjuntas em smart industry

Encontro sediado em Belo Horizonte reuniu executivos de empresas e
pesquisadores da Suécia e Brasil. Agências de fomento apoiarão vários projetos.

Oito empresas e cerca de 80 cientistas brasileiros e suecos participaram, no dia 19 de maio, em Belo Horizonte (MG), do Workshop AIMday Smart Industries, que reuniu representantes da academia e de grandes empresas com o objetivo de encontrar soluções para os desafios da chamada indústria inteligente (smart industry). O encontro foi organizado por meio de uma parceria multi-institucional inédita entre o Centro de Pesquisa e Inovação Sueco Brasileiro (CISB), a Uppsala University (UU Innovation), a Linköping University (LiU), a Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a iniciativa Swedish Academic Collaboration Forum (SACF).

 O termo smart industry remete ao que vem sendo chamado de “nova revolução industrial”, processo que integra a manufatura com o estado da arte da tecnologia de informação e comunicação, conectando pessoas, máquinas e processos inteligentemente.
A metodologia utilizada no workshop combinou a necessidade das empresas por novos conhecimentos com a expertise dos acadêmicos dos dois países em resolver desafios. As empresas encaminharam questões com antecedência, e os cientistas se esforçaram para encontrar soluções. Durante o evento, houve discussões em pequenos grupos, nas quais cada questão foi esmiuçada durante uma hora. A metodologia foi desenvolvida pela Uppsala University (UU Innovation) e já é adotada com êxito em universidades como as de Edimburgo e Oxford.

“Cerca de 20 questões foram colocadas pela indústria e houve interesse grande por parte da academia. As questões geraram discussões que tiveram participação ativa das pessoas, longas e envolventes. Além disso, tivemos representatividade boa em termos geográficos. O encontro foi sediado em Minas, mas havia pesquisadores de vários estados, como Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo e Rio Grande do Sul”, contou o especialista em redes neurais artificiais, Antônio Braga, que participou do evento. Ele é professor no Departamento de Engenharia Eletrônica da UFMG.

Segundo Braga, agora, os grupos estão se organizando para encaminhar propostas de projetos para as agências de fomento que estiveram presentes no evento. Há duas linhas de fomento para apoiar as iniciativas. Uma da FAPEMIG e da VINNOVA – a agência de inovação sueca – com o lançamento de um edital conjunto. A outra com apoio da Swedish Foundation for Strategic Research (SSF). Há recursos para a fase inicial dos projetos, com capital semente. “Entre as áreas que devem render projetos estão mineração, automação residencial, veículos autônomos e comunicações”, resumiu Braga.

De acordo com ele, algumas empresas já estavam familiarizadas com a metodologia, mas a grande maioria ainda não. “Foi a primeira vez que participei do AIMday e achei a metodologia bastante objetiva. Creio que é uma iniciativa que tem o mérito de prover informação para os dois lados envolvidos: empresas e academia”, afirmou Roger Berg, chefe de Gestão de Tecnologia do grupo SAAB.

Projetos – Um dos desafios que a empresa levou para o encontro foi o de trabalhar com soldagem robotizada em ambientes confinados, sobretudo em submarinos. Juntamente com professores da Escola de Engenharia da UFMG, a SAAB decidiu submeter um pré-projeto para obtenção de financiamento. Berg atentou para o engajamento dos pesquisadores envolvidos. “Fiquei muito impressionado com os professores que conheci. Todos muito engajados, competentes e interessados nas questões propostas.”
Bruno Vilhena Adorno, do Departamento de Engenharia Elétrica da UFMG, é um dos professores envolvidos no projeto da SAAB. “Estamos na fase de entender o problema e vamos submeter o projeto às duas linhas de recursos.  O capital semente cobriria a parte conceitual do projeto até, possivelmente, a concepção do protótipo. Caso se demostre a viabilidade técnica, passaremos para a etapa de implementação, próxima ao cenário industrial”, explicou.

“A ideia, neste caso, é desenvolver um robô para realizar tarefas que o ser humano não consegue fazer, em locais de difícil acesso, como submarinos e tanques”, resumiu Berg. “É possível criar um robô que trabalhe de maneira autônoma, ou um que seja teleoperado, à distância, ou ainda optar pela autonomia compartilhada, em que a teleoperação tem alto nível de abstração: parte das ações o robô faz e parte o homem faz. Estamos inclinados a optar por esta última”, completou Adorno.

Enquanto a parceria entre a SAAB e UFMG se desenha, o professor Antônio Braga, da universidade mineira, anuncia a aprovação junto ao CNPq da criação de um Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) dedicado ao tema smart industry. “A aprovação da proposta significa que o tema virou prioridade. Imagino que muitos desdobramentos poderão acontecer atrelados à formação do INCT, que terá papel importante no desenvolvimento da área no País.”


Aplicações dos sistemas autônomos no Brasil variam da agricultura à defesa, afirma expert sueco

Vastas áreas, fronteiras territoriais e uma enorme costa fornecem
desafios com os quais sistemas autônomos podem contribuir.

Sistemas autônomos são um conjunto de tecnologias que já vêm provocando mudanças na sociedade e na indústria, sobretudo em países que vêm investindo com mais vigor na área. Por isso, sua evolução representa um desafio científico, tecnológico e também social, tanto para os países desenvolvidos quanto para as nações em desenvolvimento, como o Brasil.

O tema esteve em foco no Workshop on Autonomous Systems, que aconteceu no dia 20 de maio no Rio de Janeiro. Organizado pelo Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (CISB), em parceria com o Instituto Militar de Engenharia (IME) e a Linköping University, o workshop reuniu cerca de 70 participantes, incluindo experts suecos e brasileiros (tanto militares quanto civis) para mapear e analisar os desafios e oportunidades para o País na área de sistemas autônomos. Além de palestras com os professores Lars Nielsen, da Linköping University, e Janito Ferreira, da UNICAMP, o workshop teve três sessões paralelas temáticas: defesa e marítima; transporte e logística e cooperação institucional. Cada uma contou com um moderador e diversos participantes.

“Foi um grande prazer fazer parte do workshop tendo a oportunidade de presidir uma sessão. Durante a ocasião, instituições participantes como a Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), o IME, a Petrobras, o Instituto de Pesquisas da Marinha (IPqM) e a Saab partilharam em suas apresentações várias perspectivas sobre sistemas autônomos e sua importância, atualmente e no futuro”, descreveu Gunnar Holmberg da Saab que é coordenador do WASP (Wallemberg Autonomous Systems Program). Ele foi moderador da sessão de Defesa e Marítima.  

Segundo Holmberg , no decorrer da semana em que aconteceu o Brazil-Sweden Excellence Seminar (ver nota nesta edição) houve muitos encontros entre pesquisadores brasileiros e suecos, e a maioria das reuniões incluiu discussões sobre Sistemas Autônomos, que despertam grande interesse tanto na Suécia quanto no Brasil.

“A área de sistemas autônomos é vasta e integra muitas disciplinas diferentes, a fim de permitir que um sistema compreenda a sua situação e contexto para identificar e entender as possíveis formas de ação, sendo capaz de “pensar” em sua maneira de ação autônoma ou funcionando com algum nível de interação humana para, finalmente, realizar o que é decidido”, resume Holmberg.
Segundo ele, tendências importantes incluem a colaboração entre sistemas heterogêneos em rede com vários graus de autonomia, onde se pode esperar que tecnologias anteriores assimiladas com sistemas autônomos individuais serão capazes de atuar em ambientes mais complexos, com formas mais sofisticadas de interação com os seres humanos por meio, por exemplo, de interação tátil. “A Saab reconhece a autonomia e os sistemas inteligentes como áreas-chave para o futuro desenvolvimento dos sistemas de defesa e marítimos. Por isso tem focado os veículos autônomos, incluindo veículos aéreos, de superfície e subaquáticos.”
Desafio brasileiro – Os veículos autônomos são, sem dúvida, uma tendência mundial definitiva nas indústrias automotiva e de defesa. “A expectativa é que os veículos autônomos irão revolucionar o transporte e a mobilidade como nós os conhecemos. Eles já estão sendo introduzidos na Europa, Japão e Estados Unidos”, afirma Magnus Hjälmdahl, moderador da sessão sobre Transporte e Logística do Workshop. Em sua avaliação, no Brasil, o desafio para a condução autônoma é definitivamente a infraestrutura, seguida da cultura dos motoristas.

“Um carro autônomo deve obedecer às regras de trânsito. Se os outros estiverem em alta velocidade, mudando de pista ou mesmo usando duas pistas ao mesmo tempo, como irão reagir diante de um veículo que obedece todas as leis, o tempo todo?”, questiona.
Hjälmdahl situa o Brasil com alguns anos de atraso em relação a países como os citados acima no tocante à introdução de veículos autônomos, mas crê que dentro de vinte anos o País será definitivamente um grande mercado. “Eu não estava ciente de que havia tanta coisa acontecendo nesta área no Brasil. Há vários veículos autônomos rodando aqui, de forma experimental, em projetos de pesquisa. Creio que, possivelmente, o Brasil pode liderar o caminho em algumas áreas, com destaque para os transportes públicos. Não ficaria surpreso se o Brasil fosse um dos primeiros países a introduzir o BRT com rotas automatizadas.”
Ele ressalta que o workshop permitiu o início de discussões e a geração de muitas ideias. “Acho que agora temos melhor noção dos interesses e das competências de cada um. O que precisamos são boas oportunidade de financiamento. Espero ver um projeto sueco–brasileiro sobre condução autônoma em poucos anos.”

Para Holmberg, do WASP, além da condução autônoma, há muitas aplicações para sistemas não tripulados no Brasil. “Existem vastas áreas no Brasil, fronteiras territoriais e uma enorme costa, que fornecem desafios em uma escala na qual os sistemas autônomos podem contribuir. E muitas outras aplicações que variam da agricultura à silvicultura, do tráfego e logística à segurança pública e policiamento, sem contar a aplicação militar, que parece ter um potencial substancial.”


CISB comemora cinco anos de atuação apresentando resultados

As áreas de Aeronáutica e Defesa são hoje a vitrine do modelo bem-sucedido da plataforma de inovação do CISB .

No dia 17 de maio, o Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (CISB) comemorou seus cinco anos de existência – período em que se consolidou como um hub internacional de incentivo à colaboração entre Brasil e Suécia em pesquisa, desenvolvimento e inovação (P,D&I), gerando resultados concretos para seus membros e parceiros. Na ocasião, foi realizado um jantar, em Brasília que contou com a presença de vários membros e parceiros.

Alessandra Holmo, Managing Director do CISB, destacou em seu discurso os pontos mais importantes da trajetória do Centro. Com um modelo operacional inspirado nos parques tecnológicos suecos e baseado nos princípios de inovação orientada por desafios, inovação aberta e hélice tripla, o CISB tem hoje 18 membros e atua em cinco áreas: Aeronáutica, Defesa & Segurança, Energia Sustentável, Transporte & Logística e Desenvolvimento Urbano.

“A arena de Aeronáutica, Defesa e Segurança é uma prova viva de quão longe podemos ir, trabalhando desta forma”, afirmou.  Ela destacou que o CISB tem desempenhado um papel crucial na criação de um Comitê Bilateral de Aeronáutica com a participação de executivos de alto níveis de ambos os países.

Segundo ainda a diretora do Centro, a filosofia do CISB é baseada na forte convicção de que unindo forças de dois países, mesmo com culturas tão distintas, é possível alcançar resultados tangíveis e extraordinários. “O CISB já possui um histórico de cerca de 60 projetos em seu portfólio – quase metade na área de aeronáutica. Alguns deles com grande potencial para impactar positivamente outros setores da economia”, ressaltou.

Para estrutura-los, o CISB viabilizou uma série de ações: estabelecimento de uma forte rede de pesquisa; chamadas de projeto no âmbito do programa Ciência sem Fronteiras em parceria com o CNPq e a Saab AB; chamadas para fomentar a criação de projetos por meio do financiamento de missões internacionais; organização de diversos workshops para reunir pesquisadores da indústria e da academia com expertise na área; gestão de um programa de cátedras para professores de universidades suecas de renome no ITA, para citar alguns exemplos.

No dia 16 de maio, foi realizado o seminário em aeronáutica: A high-tech focus area for a new level of Brazilian-Swedish cooperation. O próximo será um workshop, que ocorrerá na Suécia, em outubro próximo, conectado ao Aerospace Tecnology 2016 Congress. Outra novidade anunciada por ela é que a o 6º Encontro Anual do CISB terá novo formato. “Parte de sua programação acontecerá na Suécia, e a outra, no Brasil”, contou.

O modelo bem-sucedido do CISB, como plataforma de inovação, vem sendo reconhecido por seus membros e parceiros. Há um ano, o Centro recebeu uma menção especial de agradecimento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI). E no ano passado, ganhou novos membros: Akaer, ITA e Luleå University. “Isto é fruto de um aprendizado rápido, no que se refere a unir culturas distintas, como a do Brasil e da Suécia, conectar agentes da academia, empresa e governo, e fomentar oportunidades que gerem parcerias duradouras em P,D&I.”


Scania traz tecnologia mundial para o Brasil

Fabricante sueca inaugurou um laboratório de teste de motores; investimento de R$ 40 milhões permitirá, entre outras coisas, o desenvolvimento de novos motores e componente.

A Scania investiu R$ 40 milhões para inaugurar em São Bernardo do Campo (SP) um laboratório para desenvolver, testar e certificar motores. A nova área de pesquisa é a primeira da empresa fora da Suécia. “Com essa iniciativa inserimos o Brasil no contexto da mais alta tecnologia do setor automotivo, refletindo, ao mesmo tempo, nosso compromisso com o País e com um sistema de transporte sustentável”, diz Per-Olov Svedlund, presidente e CEO da Scania Latin America.

O laboratório tem como foco motores mais eficientes em termos de utilização de combustíveis alternativos, durabilidade de componentes e consumo eficiente. Poderão ser testados e monitorados até dois motores por vez, com informações em tempo real sobre o desempenho dos componentes e os resultados gerados a partir da queima do combustível e das emissões de poluentes. Essas informações poderão servir de base para projetos de novos motores ou melhorias nos que já equipam os veículos da marca.

“Com essa estrutura respondemos, por um lado, a uma demanda global em ascensão por testes de motores, impulsionada não apenas pela melhoria no rendimento, mas em busca de tecnologias mais sustentáveis. Por outro, reforçamos o posicionamento da Scania como empresa orientada pela inovação e pela engenharia, líder na utilização de combustíveis alternativos e no desenvolvimento de novos produtos”, explica Henrik Alfredsson, vice-presidente de Pesquisa e Desenvolvimento da fabricante sueca para a América Latina.

O laboratório está preparado para testar qualquer tipo de motor a combustão, incluindo os propulsores Scania V8 e o novo modelo Euro 6, que ainda não tem legislação vigente na América Latina, mas que a Scania começará a exportar partir do segundo semestre deste ano para mercados da Europa.


Diálogo sobre mineração sustentável gera primeiros frutos

Além de duas propostas de pesquisa envolvendo as instituições parceiras,
diálogo resultou em um MoU entre a Luleå University e a Universidade Federal de Ouro Preto .

O Dialogue in Sustainable Mining, que aconteceu dia 18 de maio na sede da Vale Mina Águas Claras, região metropolitana de Belo Horizonte, já está rendendo os primeiros frutos. Organizado pelo CISB, em parceria com o Instituto Tecnológico Vale (ITV), a Luleå University of Technology (LTU) e a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), o encontro reuniu pesquisadores brasileiros e suecos durante uma tarde para discutir tecnologias sustentáveis na atividade mineradora.

“O resultado ultrapassou o que esperávamos, pois, em vez de uma proposta de projeto conjunto entre as instituições parceiras, saímos de lá com duas”, afirma Fellipe Sabat, coordenador de portfólio de projetos e parcerias do CISB. Segundo ele, dos diálogos entre os pesquisadores Diego Galar e Behzad Ghodrati (LTU), Luis Uzeda e Thiago Euzebio (ITV), e Issamu Endo (diretor da UFOP), além de duas propostas de pesquisa, foi iniciado um Memorando de Entendimento (MoU) entre a UFOP e a Luleå University.

“A primeira proposta de pesquisa, totalmente nova, está sendo construída por Diego Galar, fundamentada na expertise da Luleå e no interesse prioritário da Vale. A proposta será na área de Manutenção de Ativos”, conta Sabat. A outra é um projeto do ITV, na área de Otimização de Processos em Tempo Real, que tem o objetivo de incluir um pesquisador da Luleå University. Os pesquisadores estão trocando informações para saber o que a instituição sueca pode agregar à proposta do ITV.

Sabat ressalta que o diretor da UFOP, Issamu Endo, já está trabalhando na primeira versão do MoU, que a longo prazo também contemplará intenções de intercâmbio entre estudantes das duas instituições e dupla diplomação.

Para o pesquisador Luis Uzeda, do ITV, a reunião possibilitou conhecer mais a fundo a universidade sueca, que tem forte atuação em inovação voltada para a mineração. “Em minha opinião, apesar das diferenças culturais, parcerias com a Suécia podem ser muito frutíferas. Além de ser um país com tradição no setor mineral, a indústria sueca é líder em várias tecnologias de ponta que vêm sendo aplicadas com sucesso nos setores de mineração sueco e global.”


Brazil-Sweden Excellence Seminar tem alto nível de engajamento

Assinatura de memorandos de entendimento, lançamento de edital conjunto entre instituições brasileiras e suecas
e fortalecimento de redes entre pesquisadores dos dois países são os primeiros resultados.

Uma delegação sueca composta por 130 pessoas esteve presente nos eventos realizados durante o Brazil-Sweden Excellence Seminar, que aconteceu de 16 a 20 de maio em várias cidades brasileiras. Organizado pela iniciativa Swedish Academic Colaboration Forum (SACF), em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o seminário focou os seguintes tópicos: imagem e visualização em ciências da vida; nanotecnologia e materiais funcionais; educação inclusiva, gênero e etnia; desenvolvimento sustentável: energia, meio ambiente e biodiversidade; autonomia e inteligência artificial; internacionalização e colaboração no ensino superior.

Para Helena Balogh, gestora do projeto SACF Brazil, o seminário conseguiu fortalecer as redes já existentes entre instituições dos dois países e fomentar novas conexões. “O engajamento das universidades envolvidas, das agências financiadoras e de outros players foi um ponto alto do seminário. Destaco também a dedicação dos organizadores e a presença de pesquisadores brasileiros e suecos. Das 130 pessoas que vieram da Suécia para o evento, cerca de cem eram pesquisadores das seis universidades que compõem o SACF”, ressaltou.

Formado por seis grandes universidades suecas – Chalmers University of Technology, Royal Institute of Technology, Linkoping University, Lund University, Stockholm University e Uppsala University – o SACF tem como principal objetivo realizar seminários de pesquisa e ensino superior em um grupo seleto de países.

“Boa parte dos resultados deste grande evento provavelmente só ficará clara daqui a algum tempo, talvez um ano. O alto nível de envolvimento das instituições e universidades aparecerá, espero, em fevereiro de 2017, durante o próximo seminário, que acontecerá em Estocolmo.”

Helena cita a assinatura do memorando de entendimento entre a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Linköping University, e o lançamento do edital FAPEMIG-VINNOVA (Ver matéria sobre o AIMday) como exemplos do êxito das iniciativas apoiadas pelo SACF.

Cientistas suecos falam sobre tecnologias de última geração em Brasília

Seminário reuniu experts em Impressão 3D, Big Data e Sistemas Autônomos, áreas estratégicas para melhorar as capacidades de defesa do País.

Organizado pelo Exército Brasileiro e seu Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT), em parceria com o Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (CISB) e a Linköping University, o seminário “Tecnologias de Ponta para o Fortalecimento das Capacidades de Defesa” reuniu três experts sobre diferentes tendências tecnológicas da atualidade. O seminário aconteceu no dia 16 de maio na sede do DCT, em Brasília.

O primeiro assunto do dia foi sobre sistemas autônomos, abordado pelo professor Lars Nielsen, da Linköping University. Ele apresentou o Programa de Sistemas Autônomos Wallenberg – atualmente o maior programa de pesquisa individual da Suécia – abordando em sua palestra o uso de drones para diversos fins, inclusive militares. O moderador do evento, Mats Olofsson, ex-cientista chefe das Forças Armadas Suecas, também falou sobre drones. “Como moderador, procurei pontuar um pouco sobre os desafios éticos e morais do uso de drones em países distantes”, contou.

Outro assunto abordado foi a impressão 3D, por parte do professor Lars Nyborg, da Chalmers Institute of Technology. “A impressão 3D pode ser usada para construir objetos de pouco peso e formas livres, produzidos a partir de modelos 3D. É uma nova forma de produzir objetos em pequenas séries, sem a necessidade de construir máquinas pesadas”, resumiu. A indústria automobilística já usa essa tecnologia.

Já o professor Anders Ynnerman, da Linköping University, apresentou as diferentes formas de uso do Big Data, inclusive em âmbito militar. “Usando computadores poderosos e algoritmos avançados, você pode prover o comandante militar com muita informação agregada. Dados de muitos sensores combinados possibilitam novos recursos para tomadas de decisão”, explicou Olofsson.

De acordo com o Coronel Tales Villela, assessor para assuntos estratégicos do DCT, a palestra de Ynnerman chamou a atenção da plateia. “Ele exemplificou as técnicas mostrando o escaneamento de uma múmia e sua segmentação em camadas, permitindo visualizar objetos enterrados com ela.”

Segundo Villela, em áreas como microeletrônica, química fina e usinagem de precisão o Brasil tem necessidade de cooperação externa. “São áreas estratégicas que precisamos trabalhar com mais afinco. E esse tipo de evento favorece a confiança mútua entre as instituições envolvidas, o que é o melhor dos mundos.”


CISB - Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro • Rua José Versolato, 111, São Bernardo do Campo, SP , Brasil • CEP 09750-730
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