Boletim CISB nº 20    |  Setembro, 2015

ENTREVISTA

Brasil-Suécia: confiança para uma relação sólida e duradoura

Marcos Pinta Gama,embaixador brasileiro na Suécia

Nesta entrevista, o embaixador brasileiro na Suécia, Marcos Pinta Gama, mostra que o Programa FX-2, com o desenvolvimento conjunto de uma nova geração de caças Gripen NG, abrirá caminho para novas iniciativas, dentro da indústria aeronáutica e fora dela. Na visão dele, o programa atuará como catalisador para futuros projetos de inovação entre empresas e instituições acadêmicas dos dois países. E o CISB terá um papel relevante no estímulo a novos projetos.

1. O senhor assumiu a representação do Brasil junto à Suécia e Letônia em 22 de agosto de 2014. Como tem sido a experiência na Suécia, tendo em vista as diferenças culturais entre os brasileiros e os suecos?

Tem sido uma experiência excelente, pois tenho contado, desde o primeiro dia de minha missão como Embaixador do Brasil em Estocolmo, com uma atitude cooperativa por parte dos mais variados interlocutores suecos, seja nos órgãos governamentais, no setor privado ou no meio acadêmico. Acredito que o povo sueco tem um vínculo especial com o Brasil, que se manifesta no interesse pela pujança e diversidade da cultura brasileira, mas também no simbolismo que exerce a carismática Rainha Silvia, cuja mãe era brasileira.


2. Além da área de aeronáutica, em que outros setores a cooperação Brasil Suécia se destaca? Quais são suas expectativas com relação à cooperação no desenvolvimento industrial e a inovação da Suécia com o Brasil daqui para frente?

O campo dos investimentos também tem importância fundamental nas relações sueco-brasileiras. A Suécia é tradicional fonte de investimentos produtivos no Brasil, uma vez que há mais de duzentas empresas suecas instaladas no País, algumas delas com longo histórico, como a Ericsson (desde 1924). O fluxo do chamado Investimento Estrangeiro Direto para o Brasil a partir da Suécia tem aumentado a cada ano. Em 2014, esse fluxo foi, segundo dados do Banco Central do Brasil, de US$ 674 milhões, frente a US$ 408 milhões em 2013 e US$ 214 milhões em 2009. De acordo com levantamentos recentes, a grande maioria das empresas suecas estabelecidas no Brasil mantém planos de investimentos no curto prazo, o que evidencia a visão e a confiança que têm no grande potencial do Brasil. Sobre a cooperação bilateral em desenvolvimento industrial e inovação, creio que a implantação do Programa FX-2, por meio do qual o Brasil e a Suécia desenvolverão conjuntamente a nova geração dos aviões de combate Gripen NG, abrirá caminho para novas iniciativas, dentro da indústria aeronáutica e fora dela, e atuará como catalisador para futuros projetos de inovação entre empresas e instituições acadêmicas dos dois países. O CISB terá, seguramente, um papel relevante no estímulo a novos projetos nessa área.

3. Em sua opinião, quais são os benefícios da produção conjunta do caça Gripen para o Brasil e a Suécia? Como essa parceria está repercutindo na Suécia?

Conforme mencionei, a produção conjunta dos caças Gripen NG terá um grande poder catalisador, agregador e até mesmo simbólico. Um projeto dessa natureza, que se relaciona à capacidade de defesa de ambos os países, e com tamanho conteúdo e complexidade tecnológica, só poderia ser levado adiante entre países verdadeiramente parceiros, que estão dispostos a confiar e cooperar de maneira sólida e duradoura. Em outras palavras, o Programa FX-2 proporciona uma dimensão ainda mais concreta e atual à Parceria Estratégica Brasil-Suécia, acordada pelos respectivos Governos em 2009, com um impacto positivo sobre a imagem do Brasil neste país. A imprensa sueca, por exemplo, frequentemente noticia fatos relacionados ao Programa FX-2, como os avanços das tratativas entre os dois países na implementação desse projeto. Mas outros setores da sociedade sueca acompanham com interesse esse processo e nutrem grande expectativa pelo seu êxito.

4. A Suécia é considerada um dos países mais inovadores do mundo por meio do modelo de hélice tripla (governo-academia-indústria) que serve de inspiração para muitos países. De que forma o senhor acha que podemos aumentar o intercâmbio entre os dois países no sentido de absorver conhecimento neste modelo de sucesso sueco?

Temos certamente muito a ganhar no exame do modelo sueco de hélice tripla, que já inspira diversos países. Creio que a parceria entre o Brasil e a Suécia frutificará à medida que os diversos agentes, de ambas as nacionalidades, construam uma relação fundamentada no conhecimento mútuo e na confiança, cujas experiências bem-sucedidas levem a metas gradualmente mais ambiciosas. Ou seja, a cooperação entre os países tem fundamento no intercâmbio humano. Temos a expectativa de que o fluxo de pessoas envolvidas com o desenvolvimento do Gripen NG será bastante grande, pois a transferência de tecnologia e de conhecimentos será robusta. Suecos e brasileiros terão a oportunidade de conhecer melhor as realidades locais, incluindo pessoas e instuições, e de trocar experiências sobre os êxitos e as dificuldades de cada um. Desse modo, poderão desenvolver um padrão de trabalho conjunto visando a resultados efetivos e inovadores, assentado em uma ampla rede de relacionamentos entre atores governamentais, empresariais e acadêmicos.

5. O CISB teve o prazer de contar com a sua participação especial no Programa Open Innovation Learning Week realizado na Suécia no mês de junho. Qual a sua opinião em relação à iniciativa? Em suas experiências anteriores, já teve contato com algum programa igual ou similar?

Tive grande satisfação em participar, em junho passado, da Open Innovation Learning Week e pude testemunhar, naquela ocasião, a criação de um ambiente fluido de diálogo e reflexão entre suecos e brasileiros, necessário à potencialização de oportunidades de cooperação entre o Brasil e a Suécia em todas as vertentes do relacionamento bilateral, particularmente na área de inovação. É muito proveitoso que agentes brasileiros e suecos tenham a oportunidade de conhecer uns aos outros e os respectivos ambientes de inovação, e a Embaixada do Brasil em Estocolmo está à disposição para contribuir para o sucesso de iniciativas desse gênero.

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Colhendo os frutos da experiência na Suécia

Pablo Viana, secretário da pasta de Ciência e Tecnologia do Estado de Alagoas

A ida de pesquisadores brasileiros à Suécia, financiados pelo CNPq, CISB e Saab, no âmbito do Programa Ciência sem Fronteiras, não se limitou à conclusão dos projetos de pós-doutorado. De volta ao Brasil, os ex-bolsistas continuam colhendo frutos da experiência internacional, a exemplo de Pablo Viana, atual secretário da pasta de Ciência e Tecnologia do Estado de Alagoas, e de Renato Machado, professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

No caso de Pablo, os frutos vieram cerca de dez dias depois que voltou da Suécia. No final de 2014, o governador alagoano Renan Filho o escolheu para ser secretário da pasta de Ciência e Tecnologia. Pesou a seu favor o currículo (mestrado e doutorado em Ciência da Computação), e sua experiência na Suécia – país onde ele realizou mais que um projeto de pós-doutorado.

“Pude conhecer o ecossistema de inovação sueco, em que a universidade atua em conjunto com a indústria e o governo, promovendo uma sinergia que não envolve apenas a grande indústria, mas que busca articulação com as pequenas empresas fornecedoras da cadeia aeronáutica sueca”, conta. Esse conhecimento, adquirido nas diversas reuniões que teve nas unidades da Saab AB associadas aos parques tecnológicos, deu à Viana lastro para replicá-lo no Brasil.

Renato Machado, professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

No governo alagoano, passaram a serem comuns reuniões em que todos os atores da tripla hélice estão presentes, por exemplo. “O governo tem se reunido de forma sistemática com empresas de Tecnologia da Informação, e representantes da academia têm participado dessas reuniões. Estamos começando a fazer isso com outras cadeias produtivas”, conta. O mesmo se aplica ao modelo sueco de cooperação. “Em toda colaboração que a Suécia faz existe uma equiparação de poderes e conhecimento entre os parceiros; um modelo que procuramos seguir para evitar qualquer tipo de dependência”, afirma.

Outro conceito sueco que Viana procura explorar aqui é o da sustentabilidade. Na Suécia a sustentabilidade permeia a atividade produtiva. “Já temos projetos que refletem uma mudança de visão influenciada pela experiência na Suécia”, afirma. O desenvolvimento de um sistema automático de irrigação sustentável, baseado em energia solar e eólica para apoiar agricultura na região do canal do sertão, é um exemplo. Este projeto está sendo desenvolvido por professores da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), que utilizam o espaço do Polo Agroalimentar de Arapiraca para testes com protótipos.

Como secretário, Viana pretende ainda buscar parcerias com a Suécia na área de biomassa para produção de etanol. “Temos aqui uma expertise na geração de energia e produção de etanol e estamos investindo no etanol de segunda geração, produzido a partir da biomassa da cana”, destaca. Certamente é algo que vai muito além do seu projeto inicial na Suécia, quando, em conjunto com a Saab e a Universidade de Linköping, ele trabalhou no desenvolvimento de uma tecnologia resistente à radiação cósmica, usada para proteger circuitos eletrônicos em aviação.

Cooperação ampliada

O engenheiro eletricista Renato Machado, por sua vez, está ampliando as perspectivas de cooperação de sua Universidade com a Suécia. Ele fez seu pós-doutorado no Blekinge Institute of Technology (BTH), em Karlskrona, onde trabalhou no desenvolvimento de uma tecnologia para mapeamento de relevo, monitoramento de fronteiras e de regiões desmatadas em parceria também com a Saab AB. Ao retornar para o Brasil, conseguiu, por meio de um edital, bancar a vinda de um dos maiores especialistas internacionais na área de radares: Doutor Mats Pettersson.

Dr. Pettersson virá ao Brasil como professor convidado da UFSM. Ele passará temporadas bimensais no País, nos próximos três anos, alternando suas atividades na Suécia e aqui. “Vamos dar continuidade ao trabalho iniciado na Suécia, buscando aumentar a rede com a inserção de novos parceiros”, conta Machado. Com esse objetivo em vista, Pettersson vai interagir com outros pesquisadores da área no Brasil, participar de eventos, dar palestras, entre outras atividades. Enquanto isso, na Suécia, ele já está orientando alunos de pós-graduação de Machado.

Pettersson também vai auxiliar na continuidade do desenvolvimento da pesquisa com radares iniciada no projeto de Machado apoiado pelo CISB e realizado no BTH. O pesquisador brasileiro trabalha na modelagem estatística de imagens obtidas por radares de abertura sintética (SAR, a sigla em inglês), que permite a obtenção de imagens de alta resolução a grandes distâncias. Nesse tipo de radar, os sensores captam os dados por meio de pulsos eletromagnéticos (micro-ondas) enviados à superfície na velocidade da luz, tendo como retorno ecos na mesma velocidade. Esses radares são embarcados em aviões e permitem melhor registro da superfície em áreas que têm floresta e grande presença de nuvens, por exemplo.

No Brasil, Machado continua a pesquisa, realizando testes para identificação de alvos como veículos, rotas de tráfico de drogas, desmatamento e instalações ilegais em área de floresta. “Esses radares emitem sinais que penetram nas folhagens, detectando os alvos por baixo das copas das árvores”, explica o brasileiro. “Estamos fazendo os testes dos algoritmos que desenvolvemos e simulando as atividades”, acrescenta. “Com essa iniciativa, pretendemos estimular o crescimento dessa área de pesquisa na UFSM e no Brasil”, finaliza.

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Workshop sobre corredores verdes desvenda caminhos para uma proposta brasileira

Projetos europeus inspiram e dão parâmetros de metodologias para iniciativa brasileira em andamento.

Experts de diversos países, além de representantes da academia, do governo brasileiro e de empresas, se reuniram nos dias 15 e 16 de setembro para discutir os corredores verdes, uma tendência em logística que já mobiliza a União Européia (UE). O encontro aconteceu durante o Workshop Internacional sobre Corredores Verdes: Experiência Europeia e Perspectivas Brasileiras.

Realizado no Centro Universitário FEI, em São Bernardo do Campo (SP), o evento apontou caminhos para que o Brasil repense sua logística de transportes, tendo a experiência européia como exemplo. Foi organizado pelo Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (CISB), juntamente com o Lindholmen Science Park e o Centro de Inovação em Logística e Infraestrutura Portuária (CILIP), da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP).

George Panagakos, PhD em engenharia de tráfego e otimização de transporte da Universidade da Dinamarca, lembrou que o conceito de corredores de transporte não é novo. “Um exemplo é a Rota da Seda, que conectou a China à Europa durante séculos e ainda hoje é um corredor importante.” Segundo ele, na União Europeia esse approach começou em 2002, com o estabelecimento do Brenner Action Plan, engendrado por Itália, Alemanha e Dinamarca. “A ideia era reduzir os caminhões de carga nas rodovias, além de otimizar o uso de energia e minimizar emissões de gases poluentes”, resume Panagakos.

O conceito de corredores verdes surgiu na esteira dessas experiências. São corredores de transporte de carga de longa distância, nos quais a implementação de tecnologia avançada e o uso de vários modais permitem maior eficiência energética e redução do impacto ambiental aliado ao transporte de cargas. Alguns exemplos de Corredores Verdes na Europa são o GreCOR (que liga Oslo a Amsterdam), e o String Corridor (que liga Oslo e Estocolmo a Hamburgo).

“Para implantar o conceito, selecionamos uma série de indicadores de desempenho: o custo do transporte, para o usuário; o tempo ou velocidade; a confiabilidade; a freqüência do serviço e as emissões de dióxido de carbono equivalente e de óxido sulfúrico”, explicou Panagakos.

Jerker Sjögren, conselheiro do Lindholmen Science Park, na Suécia, e um dos responsáveis pelo CLOSER (programa para eficiência nos transportes lançado em 2012), apresentou o case do Sweden-Italy Freight Transport and Logistics Green Corridor (Corredor Verde Suécia-Itália de Logística e Transporte de Carga). O projeto está em andamento até dezembro deste ano e recebeu 2,8 milhões de Euros da UE.

“Durante o ano passado, nós selecionamos e avaliamos as melhores práticas e soluções adotadas na Europa. Então concebemos nossa ‘caixa de ferramentas’ para o planejamento das operações do dia a dia e monitoramento das operações”, esclarece. Sjögren diz que agora estão tentando juntar esforços, chamando os estados-membro da UE a colaborar. “Temos uma verba da União Européia, mas não é suficiente. Estamos agora em dialogo com os países interessados, no sentido de convencê-los a usar dinheiro destinado a infra-estrutura para o projeto, pois todos juntos podemos obter melhores resultados”, afirma.

No Brasil – Fábio Castello, vice-presidente de Logística da Scania América Latina, lembra que a situação brasileira de infraestrutura é bem diferente da européia. “Menos de 20% das estradas brasileiras estão em boas condições, e o grosso do transporte no Brasil é feito por rodovias. Se conseguíssemos melhorar as condições de 25% das estradas em condições ruins, consumiríamos 661 milhões de litros de diesel a menos, o que resultaria em redução de emissões de 1,77 megatoneladas de CO2”, revela, citando a Pesquisa CNT de Rodovias (2013) e lembrando a epopéia dos exportadores de grãos no mesmo ano, quando a supersafra congestionou os acessos aos portos, sobretudo o de Santos, causando quilômetros de congestionamento.

De acordo com Castello, a solução é tentar mudar o panorama. “É preciso ser resistente, temos de nos adaptar rápido e de trabalhar com nossa realidade. Mas também é preciso protagonismo. Podemos sentar e chorar ou podemos ser protagonistas e tentar mudar a situação.”

Nesse sentido, um projeto de corredores verdes marítimos para o Brasil vem sendo estudado com financiamento do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) por uma equipe da Poli/USP. O responsável é o professor Rui Carlos Botter, coordenador do CILIP e titular do Departamento de Engenharia Naval da Poli. O projeto conta com a parceria do CISB e do Lindholmen Science Park e também integram a lista os atores do projeto: FEI e UFABC.

“Acreditamos que o transporte marítimo de curta distância – short sea shipping – combinado com o modal rodoviário seja uma boa alternativa para o Brasil. Garante a movimentação de cargas por distâncias relativamente longas, é ambientalmente correto, seguro, e evita congestionamentos”, afirma Botter.
“Os caminhões só deveriam ser usados para distâncias curtas e entrega de porta em porta”, resume Delmo Alves de Moura, da UFABC. Segundo ele, investir em tecnologia da informação e reduzir a burocracia nas operações portuárias é essencial. “Ter terminais rápidos para operações de short sea shipping é um grande desafio para implantar um sistema sustentável de corredores verdes.”

De acordo com Botter, é preciso definir indicadores de desempenho para corredores no Brasil, avaliar os corredores verdes existentes na Europa (e seus indicadores), definir tecnologias aplicadas a navios, terminais e infraestrutura ligada ao desenvolvimento dos corredores, definir políticas públicas necessárias para implementar o projeto e, por fim, definir o corredor verde brasileiro.

 

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ITA e Lulea University firmam parceria para pós-graduação em logística e manutenção

O ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e a Lulea University, na Suécia, firmaram uma parceria para fomentar a educação de alto nível em engenharia logística e de manutenção. O programa consiste em promover o doutoramento conjunto, com duplo diploma, para engenheiros brasileiros. No ano que vem irão os dois primeiros doutorandos, ambos militares. O curso tem duração de três anos.

A iniciativa deverá formar, no médio prazo, especialistas em logística e manutenção tanto para o mercado quanto para atuar no recém-criado laboratório de engenharia logística do ITA. O ILA (Instituto de Logística da Aeronáutica) também faz parte da parceria com a Lulea University. “Hoje os dois primeiros doutorandos são militares, mas o programa espera poder contar com alunos da indústria, especialmente se eles puderem continuar a trabalhar no laboratório depois da dupla diplomação”, explica o Coronel Aviador Fernando Abrahão, professor do ITA e responsável, na instituição, pela instalação do laboratório e pelo processo que resultou na parceria.

Ele esclarece que ao longo dos anos, a complexidade das aeronaves se intensificou e as atividades para mantê-las disponíveis também. E afirma que o Instituto, independentemente do projeto FX2, mas naturalmente reforçado pelas iniciativas engendradas entre Brasil e Suécia, já vinha fazendo contato com algumas outras universidades suecas em programas de cooperação. “O convênio com a Lulea University, entretanto, tem caráter único e não é obra do acaso. Lulea tem um núcleo ímpar de pesquisa em engenharia de operações e de manutenção”, resume.

O professor Diego Galar, responsável pelo programa junto à Lulea University, salienta que há cinco linhas de pesquisa em engenharia de operações e de manutenção em sua instituição: aviação, mineração, ferrovias, energia e processos industriais e manufatura. “Somos o maior grupo de estudos do mundo na área de engenharia de operações, logística e manutenção. São mais de 50 pesquisadores, e temos um programa único de PhD em engenharia de manutenção”, confirma Galar, que é full professor na Divisão de Operação e Engenharia de Manutenção da Lulea University.

O laboratório de Engenharia Logística do ITA tem um período de cinco anos para ser implantado até atingir a auto suficiência. O objetivo é formar cinco doutores nesse período mediante a parceria com a universidade sueca. Galar diz que a expertise do ITA em engenharia aeronáutica interessa à sua instituição. “Acredito piamente que uma parceria que una o ITA e as nossas expertises em logística e manutenção pode produzir resultados fantásticos na área de manutenção de aeronaves”, declara.

Abrahão vê uma janela de oportunidade na recente aquisição, pela Força Aérea Brasileira, dos caças Gripen NG (New Generation) da empresa Sueca Saab AB. “A compra de uma série de aviões é um projeto de longo prazo, no caso aqui estamos falando de mais de 40 anos. A quantidade de decisões logísticas que têm de ser tomadas é enorme. Boa parte das decisões vai implicar consequências ao longo do tempo. Se elas puderem contar com apoio acadêmico, melhor para todos. É uma janela de oportunidade e estamos atentos a ela.”

Segundo a Managing Director do CISB, Alessandra Holmo, esta iniciativa mostra que a plataforma do CISB já esta gerando resultados concretos para ambos os países. “Esta parceria se iniciou no 1º Workshop em Aeronáutica e Defesa Brasil-Suécia, em 2014, quando houve o primeiro contato entre as duas instituições e os pesquisadores”, conta. Pouco depois, o CISB lançou um edital para estimular projetos colaborativos que possibilitou a ida do Coronel Abrahão à Suécia para estreitar as relações e desenvolver a ideia do projeto com a Lulea University. “Atualmente já estamos em dialogo com a Lulea University e outra Instituição brasileira visando ampliar a cooperação para o setor de mineração”, salienta Alessandra.

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Primeiro edital do CISB em 2015 tem resultado divulgado

Foram selecionados quatro projetos na área da aeronáutica
Segundo edital terá seu resultado divulgado em outubro.

O primeiro edital lançado pelo CISB, em 2015, já teve seu resultado divulgado. Trata-se da chamada 01/2015, lançada para apoiar a mobilidade de pesquisadores visando a estruturação de projetos colaborativos entre Brasil e Suécia. Foram selecionadas quatro projetos neste edital. Já a segunda chamada, 02/2015, de estágio sênior no exterior, terá seu resultado divulgado em outubro próximo. Ambas são voltadas para a área da aeronáutica.

Os projetos aprovados na primeira chamada são voltados para Fusão Sensorial e Processamento de Sinais, Robótica e Diagnóstico e Controle e Identificação de Sistemas. Estão envolvidas as seguintes instituições: Universidade Linköping; Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), além das empresas Saab AB, Embraer e Petrobrás. O CISB apoiará despesas de viagens internacionais relacionadas às reuniões entre os parceiros.

A segunda chamada, a de estágio sênior no exterior, irá disponibilizar cinco bolsas para pesquisadores brasileiros e com duração de 30 dias na Suécia. O objetivo é apoiar o desenvolvimento e/ou execução de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação (P,D&I) conjuntos; e incentivar a realização de parcerias ou o início/consolidação da rede de pesquisa entre o Brasil e a Suécia. Esta modalidade de bolsa é mais uma inovação do CISB, pois tem foco em pesquisadores sênior com alta produtividade cientifica e experiência em colaboração com indústria, os quais muitas vezes não tem como se ausentar por mais de três meses do país, relata Alessandra Holmo, Managing Director do CISB. O prazo de inscrições de projeto se encerrou em 1º de setembro e os resultados serão divulgados no mês de outubro.

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Scania e USP desenvolvem caminhão autônomo no Brasil

Pesquisa levou dois anos para ser concluída;
investimento da montadora sueca foi de R$ 1,2 milhão.

Em parceria com a Scania, a Universidade de São Paulo (USP) desenvolveu um protótipo de caminhão autônomo totalmente brasileiro. A tecnologia aplicada no veículo, um caminhão Scania G360 6x4, é fruto do convênio de cooperação tecnológica firmado em 2013 entre a montadora sueca, a Escola de Engenharia de São Carlos e o Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC).

Ao todo foi destinado ao projeto R$ 1,2 milhão, e a Scania disponibilizou dois caminhões para a realização da pesquisa. “A Scania é uma empresa de vanguarda em inovação e tecnologia. Estar próximo às instituições de ensino é parte de nosso negócio”, afirma Rogério Rezende, diretor de Assuntos Institucionais e Governamentais da Scania Latin America.

Apesar de ainda se tratar de um protótipo, que circula apenas na área 2 do campus da USP, em São Carlos, os resultados obtidos projetam um futuro promissor para caminhões autônomos. Operações confinadas e off-road, com roteiros predefinidos, podem utilizar essa solução em benefício da produtividade e segurança. “O sistema autônomo não vai substituir os motoristas, mas foi criado para ajudá-los a cumprir suas tarefas com mais segurança e tranquilidade”, acrescenta Denis Wolf, professor do ICMC e um dos coordenadores do projeto. Ele lembra que grandes empresas como a Scania e institutos de pesquisa em todo o mundo estão investindo no transporte inteligente.

O caminhão recebeu diversos itens para que o sistema autônomo pudesse controlar todos os movimentos. Foram acoplados alguns pequenos motores que atuam no volante e nos freios, além da instalação de um circuito eletrônico no comando do acelerador para que seja possível controlar a velocidade do caminhão. “Substituímos os pés e as mãos do motorista por sistemas de atuação mecânica e eletrônica. Depois, colocamos sensores para que atuassem como os olhos e os demais sentidos dos seres humanos. Mas a tarefa mais difícil é substituir nosso cérebro por meio de um computador”, conta Wolf. Um computador ligado a todos os sistemas do caminhão é responsável por captar as informações dos sensores, sistema GPS, interpretá-las e realizar o comando correto para a manobra – acelerar, fazer uma curva e frear. Tudo isso para chegar ao destino final com segurança.

Também participam do projeto os professores Fernando Osório e Kalinka Castelo Branco, ambos do ICMC; Valdir Grassi Junior e Marco Terra, da EESC, e vários estudantes de graduação e pós-graduação.

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CISB promove interação entre estudantes brasileiros e universidades da Suécia

Nove instituições suecas apresentam as oportunidades
existentes na Suécia em um roadshow pelo Brasil.

O Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (CISB) organiza no Brasil o Study in Sweden Brazilian Roadshow 2015 com nove universidades suecas. Os encontros serão realizados em importantes instituições de ensino brasileiras entre os dias 28 de setembro e 9 de outubro. Concomitantemente, está sendo realizada a Suécia-Brasil Career Fair 2015, que acontece no dia 8 de outubro, em São Paulo. A participação em ambos os eventos é gratuita e as iniciativas contam com apoio da Embaixada da Suécia.

No roadshow, os estudantes de graduação poderão conversar com representantes de universidades suecas sobre as oportunidades de estudo no país. Na Suécia-Brasil Career Fair 2015, é possível falar com as universidades e também saber mais sobre as empresas suecas que têm presença no Brasil.

O roadshow estará em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, além do Distrito Federal (confira datas e endereços no site oficial - http://www.cisb.org.br/emkt/roadshow/20150918_agenda.html). Nove universidades estão participando: Royal Institute of Technology - KTH, Chalmers University of Technology, Lund University, Halmstad University, Linnaeus University, Linköping University, Umeå University, Kristianstad University e Malmö University.

Na ocasião, os estudantes poderão obter informações sobre como é morar e estudar na Suécia, quais são os pré-requisitos para entrar nas universidades, os programas oferecidos pelas instituições, entre outros dados. O CISB vem realizando o roadshow no Brasil desde 2013, promovendo a interação entre os estudantes brasileiros e as instituições de ensino superior.

Já a Suécia-Brasil Career Fair 2015, no dia 8, será realizada pela Câmara Sueca no Meliá Paulista Hotel, em São Paulo, Capital. Representantes das instituições já citadas e da Embaixada sueca estarão presentes. Também será possível conversar com profissionais que já estudaram na Suécia e conhecer importantes empresas suecas presentes no Brasil. Ao final, haverá um “After Fair”, das 20h às 21h, quando estudantes e empresas poderão interagir em um ambiente mais descontraído.

Competição

Em paralelo com o roadshow e a feira está sendo realizado o Sweden-Brazil 2015 Roadshow Challenge, uma competição para estudantes cujo prêmio final é um Macbook Air. Os interessados devem preencher a ficha de inscrição, responder a um teste sobre a Suécia e outro sobre habilidades lógicas e de raciocínio, e participar de um dos encontros previstos no roadshow.

Mais informações sobre o roadshow, como datas e locais, podem ser obtidas no site oficial - http://www.cisb.org.br/emkt/roadshow/20150918_agenda.html. As inscrições para a Suécia-Brasil Career Fair 2015 devem ser feitas no site http://www.swedcham.com.br/en/event/sweden-brazil-career-fair-2015/.
Já os procedimentos para participar do Roadshow Challenge 2015 estão detalhados no endereço http://www.swedenbrazil.com/pt-BR.

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KTH recebe delegação de Curitiba em Estocolmo

Em workshop, especialistas discutem inovação com foco em cidades inteligentes,
projeto desenvolvido em cooperação entre a cidade paranaense e Suécia.

A Unidade de Estudos em Energia e Clima (ECS) do Instituto Real de Tecnologia (KTH), na Suécia, promoveu entre os dias 24 e 28 de agosto, em Estocolmo, o workshop “Smart concepts for the innovation of cities”, atividade que integra o projeto “Smart city in Curitiba – innovation for sustainable mobility and energy efficiency”, desenvolvido por meio da parceria entre organizações suecas e a capital paranaense, do qual o CISB como um dos parceiros tem como responsabilidade a disseminação do projeto e dos seus resultados. O workshop foi focado em inovações e soluções em eletromobilidade.

A delegação brasileira foi composta por pesquisadores, gestores de planejamento urbano e representantes do setor privado: Instituto de Pesquisa Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC); da empresa Urbanização de Curitiba (URBS); da Volvo Bus Latin America; e da Universidade Federal Tecnológica do Paraná (UTFPR). Eles visitaram Estocolmo para discutir tópicos de interesse comum na cooperação entre o KTH e a cidade de Curitiba, e também para promover a troca de experiências e conhecimento entre os parceiros do projeto.

“Como inspiração, mostramos o que vem sendo feito na Suécia no sentido de buscar a sustentabilidade da cidade. O workshop mostrou que essa cooperação está se consolidando e abriu oportunidades para novas iniciativas”, conta a organizadora do evento, professora Semida Silveira, líder do ECS e diretora das relações internacionais do KTH para o Brasil. “Um dos pontos que despertou muito interesse foi a discussão sobre o controle de qualidade do ar e o trabalho que vem sendo feito em Estocolmo e Linköping para garantir níveis máximos de emissões”, disse.

Entre os destaques da programação estavam as palestras de Sergio Pires, presidente do IPPUC, e Silvia Ramos, da área de relações internacionais da URBS, que apresentaram as experiências de Curitiba em planejamento urbano integrado, com destaque para a área de transporte urbano.

Silvia Ramos lembrou a importância de considerar toda a região metropolitana ao se planejar a infraestrutura, o que requer colaboração entre diversos municípios. Já Sergio Pires contou que Curitiba está trabalhando para ser considerada a Capital Mundial do Design 2018. A cidade é finalista no processo de escolha para receber o título, a ser concedido pelo Conselho Internacional das Sociedades de Desenho Industrial (International Council of Societies of Industrial Design – Icsid). “Design pode ser mais uma área para projetos com a Suécia, que também tem grande tradição nesse sentido”, disse Semida.

A professora Keiko Fonseca, do UTFPR, refletiu sobre a importância catalisadora do projeto e destacou a oportunidade de oferecer aos alunos questões e dados reais da cidade para seus trabalhos na universidade. Isso gera maior engajamento desses, incrementando o processo de aprendizado, e os projetos acabam por oferecer soluções concretas para os gestores públicos. “Linköping e Curitiba têm uma política de abrir os dados, o que favorece a pesquisa, o monitoramento e a participação da comunidade”, ressaltou Semida, que também fez uma apresentação na qual discutiu o modelo de cooperação entre governo, indústria e academia e os benefícios do projeto realizado em cooperação com Curitiba.

Rafael Nieweglowski, representante da Volvo, falou da importância do trabalho consorciado para que tecnologias mais eficientes possam, de fato, ser adotadas para o alcance de melhorias ambientais efetivas. Já Olga Kordas, do KTH, ressaltou o papel do usuário e cidadão na transformação das cidades.

O grupo de trabalho volta a se encontrar em Curitiba na semana de 9 de novembro para um novo workshop, o qual integrara o 5º Encontro Anual do CISB.

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