Boletim CISB nº 8    |    Edição Setembro 2012

DUAS VISÕES

Em um projeto colaborativo com a indústria, quais são os critérios da universidade na negociação por royalties?


Vanderlei Salvador Bagnato, Coordenador da Agência USP de Inovação
"No início do contrato, é negociada a divisão da propriedade intelectual. Normalmente, a universidade entra com a infraestrutura e o pessoal, enquanto a empresa entra com o investimento. Assim, a divisão é 50-50. Claro, a negociação varia de caso a caso. Há vezes em que a empresa custeia inclusive o pessoal e a infraestrutura, e, quando é assim, ela fica também com uma porcentagem maior da propriedade intelectual. Quem paga mais tem que ter mais direito à propriedade intelectual".

Margareta Norell, Vice-reitora do KTH Royal Institute of Technology
"Não temos uma resposta genérica para esta questão - sempre vai depender do tipo de colaboração que planejamos fazer e também de qual política a companhia com a que estamos lidando usa. O que eu posso afirmar é que nós sempre tentamos articular uma relação de ‘ganha-ganha’, baseada na confiança entre os parceiros".

Topo »

SUÍTE

Bate bola para inovação em Gotemburgo, Linköping e Estocolmo

Na primeira semana de setembro, um grupo de executivos brasileiros terá contato com outro grupo de craques suecos. Praticantes de inovação aberta dos dois países irão se encontrar, mas não para uma disputa. Uma comitiva brasileira composta por 25 profissionais parte para o Open Innovation Learning Week, curso que foca na teoria e prática da inovação aberta sueca.

Em uma semana, o grupo irá viajar de Gotemburgo a Linköping e Estocolmo, onde terá aulas exclusivas em três renomadas universidades suecas: a Linköping University, a Chalmers University of Technology e a KTH Royal Institute of Technology. A iniciativa foi idealizada e coordenada pelo CISB com o apoio dos professores de gestão da inovação Susanne Ollila, Fredrik Tell e Mats Magnusson.

Mais que um curso, esse é um momento de criação de laços. É o chute inicial para a identificação de interesses comuns e competências complementares que irão gerar parcerias e negócios em um jogo no qual o objetivo é um empate de muitos gols para cada lado. O grupo é formado por profissionais ligados à inovação de perfis variados. Fazem parte da comitiva representantes do governo, pesquisadores, executivos de indústrias, advogados, consultores, jornalistas e membros do exército brasileiro.

No domingo, 2 de setembro, os excursionistas desembarcam no aeroporto de Gotemburgo. Na segunda, partem para o Lindholmen Science Park, onde fica a Chalmers University, centro mundial de excelência tecnológica. Lá assistirão a uma palestra sobre open innovation e sua relação com o conceito de Arenas – espaços neutros onde acadêmicos e empresários discutem problemas em comum, como energia e transporte. Em seguida, visitarão empresas que aplicam esse conceito.

Em Linkoping, a agenda é cheia. Será realizada uma visita à indústria do ramo da defesa SAAB, acompanhada por palestras e um passeio no simulador de voo do caça Gripen, um dos mais realistas do mundo. Depois do almoço, todos partem para a incubadora de negócios Mjärdevi, onde conversam com o chefe de aeronáutica da empresa. No final da tarde, os viajantes chegam ao campus da Universidade de Linköping e no Museu Nacional da Força Aérea.

Na quarta, no caminho para Estocolmo, capital da Suécia, os participantes farão um mergulho no centro de pesquisa e desenvolvimento da sede global da Scania e a tarde fica aberta para encontros de negócios que foram previamente intermediados pelo CISB. As opções são vastas, já que o país tem uma das economias mais dinâmicas do ponto de vista da tecnologia e da inovação.

Pela noite, para celebrar a interação entre Brasil e Suécia, os participantes poderão reviver um capítulo marcante da relação histórica entre os dois países: o clássico da copa 1958, quando Pelé marcou um dos maiores golaços de todos os tempos e o Brasil ganhou seu primeiro título mundial no futebol. Os parceiros suecos serão desafiados a participarem de uma partida de futebol contra um time formado por membros da comitiva brasileira.

Na quinta, além de visitas aos laboratórios do KTH Royal Institute of Technology, todos irão participar de um debate com a Vinnova e com Johan Gorecki, membro do Globe Forum, para palestras sobre a estratégia sueca de inovação orientada a desafios. No mesmo dia, o diretor executivo do CISB, Bruno Rondani, realiza apresentação na SNITTS – Rede Sueca para Inovação e Transferência de Tecnologia. Para o dia anterior ao retorno para o Brasil, quando os participantes receberão o certificado de participação na OILW, o CISB programou uma visita guiada organizada pelo Swedish Institute. E, quem ainda tiver energia poderá dar continuidade à reuniões individualizadas para negócios.

Ver programa completo.

Topo »

ARTIGO

Parceria sueco-brasileira na inovação

Leda Lúcia Martins Camargo, embaixadora do Brasil na Suécia
Magnus Robach, embaixador da Suécia no Brasil

A Copa do Mundo de 1958 foi um marco histórico para os suecos, que chegaram a disputar a final, mas o maior triunfo, desnecessário dizer, pertenceu aos brasileiros, que venceram a partida por 5 a 2, lançando suas fabulosas carreiras como integrantes da nação com a seleção de futebol mais bem sucedida do mundo. É sugestivo lembrar o documentário intitulado "1958, o ano em que o mundo conheceu o Brasil", de José Carlos Asbeg.

Essas memórias criaram laços duradouros entre nossos países. E agora as duas seleções voltaram a se encontrar em Estocolmo no mesmo estádio, Råsunda, para o último jogo disputado antes da sua demolição, para dar espaço para a construção de uma nova arena. Edson Arantes do Nascimento, Pelé, abriu o jogo, que contou ainda com a presença de outros 13 jogadores das duas seleções que participaram da final em 1958.

Esse é também um bom momento para refletirmos sobre o que esses dois países, tão distantes e tão diferentes, como a Suécia e o Brasil, podem fazer juntos. E para isso, um importante seminário empresarial será realizado na capital sueca, com a participação de pesos pesados da área industrial e comercial de ambos os países e que contará com a presença do vice-presidente do Brasil, Michel Temer e de Sua Majestade a rainha Silvia da Suécia.

Apesar de empresas suecas terem participado até das obras do Corcovado e do bondinho do Pão de Açúcar, foi por volta de 1958 que a indústria sueca começou a estabelecer uma forte presença no Brasil, a ponto de hoje São Paulo ser considerada "o maior parque industrial sueco" em termos de número de empregados. Electrolux, Scania, Volvo, Sandvik, Alfa Laval, SAAB Technologies e tantas outras empresas renomadas em solo brasileiro.

A estabilidade econômica e o progresso social que o Brasil tem alcançado, em conjunto com o clima de otimismo que prevalece no país, são bens cruciais no atual contexto global de incertezas. O Brasil esforça-se para diversificar sua economia e promover um crescimento baseado em tecnologia. Áreas de excelência, tais como a aeroespacial e a agricultura inovativa se destacam.

Os suecos têm por base sua tradição de criatividade industrial e científica para permanecerem competitivos, e a chave do sucesso é o constante esforço de inovação. Isso demanda investimento e, acima de tudo, uma respeitosa interação entre a comunidade científica, as instituições públicas e o empresariado. A pesquisa é orientada pela demanda. Há um sistema que consistentemente envia boas ideias ao mercado competitivo das indústrias. O processo de inovação é aberto e colaborativo. O sistema de educação é decididamente orientado para o desenvolvimento de mentes independentes. A Suécia tem pontuação alta nesses quesitos: pelo segundo ano consecutivo foi eleita pela Organizacão Mundial de Propriedade Intelectual, agência especializada das Nações Unidas, o segundo país mais inovador do mundo.
O Brasil procura transferência de alta tecnologia, mas também precisa considerar como suas políticas globais podem reforçar a capacidade inovadora nativa. Os suecos se esforçam para aumentar sua presença em mercados em crescimento e procuram construir redes globais de inovação, abertas, sem agendas ocultas.

A possibilidade de construção de uma parceria de inovação entre o Brasil e a Suécia é, portanto, bastante evidente. Na verdade, ela já existe, porém, deve ser perseguida com mais vigor. Para que isso aconteça, os dois países deveriam:

  • Intensificar o diálogo sobre como criar o melhor clima possível para inovação;
  • Focar esforços em projetos de inovação conjuntos na área de tecnologia ambiental, como, por exemplo, transporte, energia renovável e florestamento sustentável;
  • Desenvolver ainda mais plataformas comuns, com o objetivo de facilitar a execução de ações conjuntas, tal como o Centro da Inovação Sueco-Brasileiro;
  • Engajar parques científicos em ambos os países;
  • Usar ao máximo as oportunidades oferecidas pelo programa Ciência sem Fronteiras e por programas suecos do mesmo tipo, que foram desenvolvidos para reforçar os laços entre instituições de pesquisa, e criar competência para empreendimentos industriais conjuntos.

O jogo em Råsunda simboliza a amizade baseada em acontecimentos passados. Uma parceria em inovação pode levar nossas economias e relações industriais a uma nova dimensão, estabelecida com solidez, pois baseadas no aproveitamento de vantagens mútuas aos dois países.

Artigo publicado no jornal Valor Econômico.

Topo »

NOTÍCIA BRASIL

CISB cria hub em Minas Gerais para envolver parceiros estratégicos

Além das atividades concentradas pelo escritório de São Bernardo do Campo, o CISB conta com mais um ponto de apoio no Brasil. Em 2012, Minas Gerais ganhou um hub, responsável por ser a convergência e a conexão da organização em uma região rica e com amplo potencial para cooperação e inovação. O gestor Paulo Adriano Borges tem o desafio de prospectar demandas e oportunidades de projetos e construir redes entre universidades, centros de pesquisas e empresas, de modo a buscar soluções criativas, encontrando as múltiplas excelências onde elas estiverem.

O interesse da Suécia por Minas, para Borges, é quase autoevidente: o estado tem a 3ª maior economia do país, é um dos maiores players na área tecnológica e possui universidades como a UFMG, UFV e a UFLA, que são centros de excelência em áreas que vão de biotecnologia a ciências da informação e nanotecnologia. Assim, se a Suécia vê no Brasil um parceiro importante, Minas certamente é uma das prioridades. 

Como a inovação não pode mais acontecer em laboratórios fechados de universidades, cabe a Paulo fazer as conexões que a possibilitam. Como exemplo, ele cita o caso de parceria protagonizado pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) em um projeto de grandes proporções. “Um dos problemas que urge atualmente é o da energia, e uma das formas que se acredita que pode evitar uma crise energética é fazendo com que os consumidores sejam também produtores de energia. Ciente disso, a Cemig lançou no ano passado um edital atrás de ideias e projetos que tivessem esse norte. O CISB encarou o desafio e partiu em busca das pessoas competentes para pensar o problema”. A solução foi encontrada na UFMG, em Belo Horizonte, e na Suécia, no KTH Royal Institute of Technology. Uma proposta foi traçada e aprovada pela CEMIG, e agora o projeto será desenvolvido.

Atualmente, como lista Paulo, projetos das ciências agrárias dependem da computação, da geologia e da nanotecnologia, só para citar um exemplo. A cooperação, a soma de competências, se faz então quase forçosa, mas essa relação, no caso entre Brasil e Suécia, só faz sentido se for de “ganha-ganha”, nas palavras do hub do CISB em Minas Gerais.

Topo »

NOTÍCIA SUÉCIA

Suécia assina acordo para oferecer bolsas de estudo a brasileiros

O governo sueco assinou, no final de agosto, carta de intenções com o governo brasileiro para oferecer cerca de 1800 bolsas de estudos para alunos do país, desde graduandos até pós-doutores, que estejam vinculados ao programa Ciência sem Fronteiras. As vagas são referentes a 27 diferentes universidades, e o número de bolsas pode variar, sendo inclusive maior que as 1800 previstas.

Segundo Josefin Peterson, representante da International Programme Office for Education and Training (IPO), agência governamental sueca que promove intercâmbios acadêmicos e cooperação internacional, essas bolsas serão igualmente importantes para Brasil e Suécia. Ela vê com bons olhos o Ciência Sem Fronteiras, que classifica como “uma iniciativa positiva para o desenvolvimento da educação de qualidade”, e crê que colaborar com o governo brasileiro nesse sentido possibilitará o contínuo processo de internacionalização das universidades suecas, tão importante para a inovação, ao mesmo tempo em que reforçará os laços amistosos entre os dois países.

Josefin sublinha que “educação de qualidade e excelência nas pesquisas são essenciais para o crescimento e para sustentabilidade de uma sociedade baseada no conhecimento”. Para ela, cooperação internacional entre instituições renomadas e a mobilidade dos estudantes dessas instituições garantem parte do avanço da educação de alto nível. “Contatamos as principais instituições de ensino da Suécia, e elas se mostraram bastante interessadas no programa”. Com a aproximação dos acertos formais sobre as bolsas, diz Josefin, o assunto certamente se tornará pauta, e será muito comentado pelos jornais suecos. No Brasil, o acordo tem ganhado importante repercussão pelo pioneirismo da iniciativa e o impacto em relação aos objetivos do programa.

Topo »

NOTÍCIAS PARCEIROS

CISB expande atividades e rede de relacionamentos

O ano de 2012 mal chegava à metade e o CISB já contabiliza avanços e melhorias. Isso ficou demonstrado no balanço realizado pela diretoria executiva do Centro, de acordo com o qual as parcerias caminham a passos largos rumo a uma maior cooperação sueca-brasileira.

Os objetivos para o ano, dentre os quais estão o maior intercâmbio de especialistas e estudantes entre os dois países e a construção de conexões bilaterais sólidas em busca da inovação, têm sido perseguidos com afinco. Os números comprovam essa tese: as oportunidades de projetos somam 47, sendo que 11 já estão em andamento e dois só aguardam a liberação de recursos, o que representa um acréscimo de 17 projetos em relação ao último ano. Os acordos colaborativos e as redes de network, fundamentais para as finalidades do CISB e que no ano passado totalizavam 40, são agora 79. Além disso,  em 2012 três novos membros aderiram ao CISB, totalizando 11 instituições.

Entre outros, foram firmadas parcerias com a Chalmers University, a University of Skövde, a Linköping University e o Royal Institute of Technology, todas instituições suecas, enquanto no Brasil a Unicamp, o ITA, a PUC-RJ, a PUC-RS, a FEI, a USP e a UFABC também desenvolvem projetos junto ao CISB. São 32 propostas em discussão, 27 submetidas ao CNPq, nove pré-aprovadas e nove bolsas de estudo em andamento.

A divulgação dos trabalhos realizados, que é mais do que nunca requisito obrigatório para uma instituição jovem e que pretende ser amplamente reconhecida, também não fica para trás. Foram neste ano 77 inserções na mídia, entre publicações especializadas, jornais locais e veículos de maior circulação dos dois países. Já o boletim mensal do CISB já é lido por cerca de 2,5 mil pessoas – mais que o dobro do número de pessoas que faziam parte do mailing em 2011.

Para as próximas ações, estão em estudo a criação de novos hubs em importantes capitais brasileiras, e projetos em setores variados – como energia sustentável, transporte e logística.

Topo »

SAVE THE DATE

12 a 14 de novembro
Segundo Encontro Annual do CISB dentro do Open Innovation Seminar

Topo »